BERLIM ? Ativistas, cientistas e representantes de governos europeus alertaram nesta terça-feira que os EUA vão afetar os seus próprios interesses se as medidas de combate ao clima criadas pelo ex-presidente Barack Obama forem revogadas. A expectativa é que Donald Trump assine uma ordem executiva que vai rescindir, suspender ou revisar algumas regulações, incluindo o Plano de Energia Limpa.
? Se o lema ?America First? significa que você quer liderar, então você não pode voltar ao passado e confiar numa tecnologia com mais de um século de idade. Você está perdendo o trem ? disse Thomas Stocker, cientista climático da Universidade de Bern, na Suíça, em entrevista à Associated Press.
O projeto de energia limpa prevê o corte, até 2030, de 32% das emissões de gases-estufa do setor de geração de energia americano. O plano é considerado essencial para que os EUA cumpram seus compromissos firmados no Acordo de Paris, de cortar as emissões totais do país em 26% até 2025. Segundo Stocker, a administração Obama liderou os esforços globais para assinatura do acordo climático de 2015.
? Eles estão abrindo mão da posição de liderança e eu suspeito que ela será assumida por outros países ? disse o cientista, citando a China como possível substituta.
Essa é a mesma opinião de Myles R. Allen, cientista climático da Universidade de Oxford.
? Eles (a China) devem receber bem a medida como uma chance para a assumir a liderança sobre os assuntos climáticos ? disse Allen, coautor de um estudo recente da Academia Nacional de Ciências sobre o custo de gases-estufa para a sociedade americana.
A preocupação do pesquisador é que o retrocesso nas políticas climáticas americanas mande um recado para outros países, dependentes e defensores de fontes sujas de energia:
? Definitivamente, isso vai jogar terra nos esforços para o controle das mudanças climáticas globais.
A ministra de meio ambiente da Alemanha, Barbara Hendricks, afirmou que as políticas ambiciosas de combate às alterações climáticas são de interesse dos EUA. Segundo ela, a promoção de fontes renováveis de energia, como a eólica e a solar, criam muitos empregos em todo o mundo.
? Qualquer um que tente engrenar a marcha à ré vai provocar danos a si mesmo quando se trata de competitividade internacional ? alertou Barbara.
Sweelin Heuss, diretora executiva do Greenpeace na Alemanha, afirmou que os planos de Trump são ?uma má notícia, mas não o fim do Acordo de Paris?. Ela pediu que a chanceler alemã, Angela Merkel, faça declarações contra as alterações na política climática americana, para marcar o compromisso europeu em conter as alterações no clima.