A explosão na unidade de recebimento de grãos da C. Vale, ocorrida no fim da tarde de quarta-feira (26), na cidade de Palotina, distante cerca de 90 quilômetros de Cascavel, deixou marcas que dificilmente serão esquecidas. Mortos, feridos e desaparecidos. O trabalho da força-tarefa com perto de 50 homens e cães farejadores foi incansável. Mas a pergunta que não quer calar é: Qual a causa desta tragédia?
Para tentar entende o que pode ter ocorrido, a equipe do Jornal O Paraná conversou com o consultor em armazenagem de grãos e diretor técnico da Agrocult, Adriano Mallet, de Novo Hamburgo, no Rio Grande do Sul. Essas explosões não são comuns, porém, podem ocorrer. O trabalho mais importante disso tudo, na ótica do especialista, é a redução da poeira suspensa no ar dentro do ambiente do silo. “Para haver uma explosão, é preciso haver a combinação de três fatores: oxigênio, combustível em espaço confinado e ponto de ignição”.
Conforme o especialista, a alternativa para reduzir a poeira de grãos é captação do ar com canalização que leva a um filtro de manja e a exaustão. A finalidade é reter o pó no filtro e fazer a liberação de um ar mais limpo no ambiente. “Quanto o grão é carregado em armazém ou silo, e jogado sobre a mesma massa, o pó, decorrente desse contato e movimentação, libera pequenas partículas que acabam precipitando junto à massa de grão e outras ficam suspensas no ar”, detalha. “Se a densidade dessas partículas for mais que 40 gramas por metro cúbico, acaba criando um ambiente extremamente propício a uma explosão”.
Vários são os fatores que podem ter desencadeado esse ponto de ignição. Um curto-circuito em alguma instalação; a queda de uma ferramenta e o atrito com um material metálico, podendo gerar uma fagulha; o superaquecimento da borracha da correia transportadora ou até mesmo o manuseio de equipamentos como maçarico de solda e disco de corte.
Neste contesto, o secretário da Agricultura e Abastecimento do Paraná, Norberto Ortigara, obteve a informação de que no momento da explosão, nenhum serviço de manutenção ocorria no local.
Sobre a explosão, Adriano Mallet conta que existe a primária e a secundária. “A primária é onde ocorre o ponto de ignição e a secundária, é aquela que vem pelo deslocamento do ar, levantando o pó e se estendendo por uma área maior através do fogo”. Enfim, são apenas hipóteses, mas a verdadeira causa, será divulgada pela perícia técnica que está no local desde as primeiras horas do incidente.