ISTAMBUL ? O massacre na boate Reina de Istambul, reivindicado pelo grupo extremista Estado Islâmico (EI), busca polarizar a sociedade turca, afirmou nesta quarta-feira o presidente Recep Tayyip Erdogan. Enquanto as autoridades continuam a caça pelo autor do atentado, mais pessoas suspeitas de envolvimento com o ataque foram detidas nesta quarta-feira. Sem dar mais detalhes, o governo informou que o suposto atirador havia sido identificado.
? (O ataque) tem por objetivo polarizar a sociedade, isto está muito claro ? declarou Erdogan em seu primeiro discurso público desde o atentado de 1º de janeiro, que deixou 39 mortos e dezenas de feridos. ? Vamos permanecer de pé e manter o sangue frio. Os ataques visam a que nossa emoção prima sobre nossa razão. Apesar de isso nos fazer sofrer, não é uma desculpa para se render.
Segundo o ministro das Relações Exteriores, Mevlüt Cavusoglu, a residência do suspeito foi vasculhada e as autoridades tentam agora estabelecer se o homem contou com a ajuda de cúmplices.
Ao menos 20 pessoas suspeitas de laços com o EI foram presas nesta quarta de manhã em Izmir, no Oeste da Turquia.
Outras 16 pessoas já haviam sido detidas no âmbito da investigação, entre elas a mulher do suposto autor e dois estrangeiros presos no aeroporto internacional Ataturk de Istambul. O atirador seria do Quirguistão ou Uzbequistão, de acordo com a imprensa turca.
O serviço de imprensa do ministério das Relações Exteriores do Quirguistão afirmou investigar esta possibilidade, considerando ser improvável o envolvimento de um dos seus cidadãos no ataque.
ESTADO DE EMERGÊNCIA É AMPLIADO
A carnificina na boate Reina marcou um início de ano sangrento para a Turquia, já abalada em 2016 por uma tentativa de golpe e uma onda de ataques cometidos por extremistas islâmicos ou pela rebelião curda.
O estado de emergência, introduzido após a tentativa de golpe em julho, foi estendido na terça-feira por três meses pelo Parlamento turco.
Armado com um fuzil, o atirador matou duas pessoas em frente à discoteca localizada à margem do Bósforo, no lado europeu da cidade, antes de entrar no local e continuar os disparos.
As autoridades acreditam que o agressor foi treinado no manejo de armas. No ataque, ele utilizou carregadores duplos para otimizar o tempo de recarga, granadas para desorientar os alvos e visou a parte superior do corpo das vítimas para aumentar a taxa de mortalidade.
Uma enorme caçada humana foi iniciada depois do ataque para encontrar o agressor, que fugiu da boate após trocar de roupa.
Na terça-feira, especulações em torno de um quirguiz de 28 anos revelaram-se infundadas.
Depois de ser interrogado pelas autoridades turcas, o homem foi autorizado a retornar ao Quirguistão, onde foi novamente interrogado e liberado.
A imprensa turca afirma que ele teria combatido ao lado do Estado Islâmico na Síria e teria entrado na Turquia com a mulher e dois filhos.