BRASÍLIA – O ano de 2017 começou com uma entrada forte de investimentos e com alguns sinais de aquecimento da economia. Segundo o Banco Central, o Brasil recebeu o dobro de recursos em janeiro deste ano comparado com o mesmo mês do ano passado. Entraram no país US$ 11,5 bilhões. É o maior volume já recebido em meses de janeiro desde quando a autarquia passou a registrar os dados há 22 anos.
Outro dado que reforça o bom momento do investimento é a proporção entre os ingressos e o tamanho da economia brasileira. Nos últimos 12 meses, o Brasil recebeu US$ 85 bilhões: o montante mais alto desde abril de 2015.
Esses recursos equivalem a 4,66% do Produto Interno Bruto (PIB). Esse é o melhor resultado desde junho de 2001, quando os investimentos representavam 4,79% de uma economia menor que a atual.
De acordo com o BC, esse recorde foi provocado pelo ingresso de US$8,8 bilhões em participação no capital (que inclui até entradas líquidas de lucros reinvestidos de US$457 milhões) e créditos líquidos recebidos do exterior de US$2,8 bilhões em operações intercompanhia.
Essa entrada é mais que suficiente para cobrir o rombo das contas externas, que cresceu no mês passado. Chegou a US$ 5,1 bilhões: 6% maior que o de janeiro de 2016. O detalhamento do número do BC dá pistas de um provável reaquecimento da economia. O país aumentou intensamente o gastos com serviços, por exemplo. O deficit dessa conta chegou a US$2,4 bilhões no mês: uma alta de 75% na comparação com janeiro de 2016
Para 2017, o BC espera um déficit nas chamadas transações correntes (resultado de todas as trocas de comércio do Brasil com o resto do mundo) de US$ 28 bilhões. No ano passado, o resultado negativo foi de apenas US$ 23,5 bilhões: o melhor desde 2007.
A previsão de leve piora neste ano é provocada pela recuperação econômica, já que países em crescimento gastam mais com serviços como frete, por exemplo, e importam insumos para produzir mais. Nesse ponto, a recente queda do dólar deve incentivar ainda mais as compras do exterior.
Incentivam também os gastos dos brasileiros com viagens ao exterior. Essas despesas cresceram 88% em janeiro deste ano. Em janeiro do ano passado, os turistas deixaram apenas US$ 840 milhões. Já no primeiro mês deste ano, o viajante do Brasil desembolsou US$ 1,6 bilhão lá fora, sem contar os gastos com as passagens aéreas.
Esse aumento reflete a cotação da moeda americana, que terminou janeiro em R$ 3,15. No início de 2016, o dólar estava na casa dos R$ 4: passou dias acima disso e encerrou aquele mês em R$ 3,99.