Cotidiano

Entidades e moradores da Maré fazem campanha contra violação de direitos

INFOCHPDPICT000059652561RIO – Após apresentação no evento de lançamento, na manhã deste domingo, da
campanha ?Somos da Maré. Temos Direitos? pela segurança no Complexo da Maré, Na
Zona Norte do Rio, por parte das autoridades policiais, a cantora Lellêzinha, do Dream Team do
Passinho, lembrou que, na semana passada, sofreu com a atitude racista dos PMs
numa blitz, na Avenida Niemeyer, ao voltar para casa, após show na Zona Sul. Operações na Maré – 30/06

? Me perguntaram de onde eu era e o que ia fazer, mas de forma bastante
autoritária e arrogante. É muito estranho ser questionada pela polícia como se
eu tivesse feito algo de errado, só pelo fato de eu ser preta. Por isso, para
mim, é muito importante participar de um evento como este ? disse.

Essa é a segunda edição da campanha, que foi lançada em 2012. Para este ano,
foi produzida uma cartilha, com a ajuda da população local.

? Fizemos uma avaliação da primeira fase da campanha, com 900 moradores.
Perguntamos o que eles haviam aprendido para podermos preparar um novo material,
que fosse eficiente para eles ? explica a diretora do Observatório de Favelas,
Raquel Willadino.

No dia 16 e 30, a ação se repetirá, respectivamente, na Praia de Ramos e na
Favela Nova Holanda. Enquanto a maneira de proceder da polícia com os moradores
do Complexo da Maré não mudar, a gerente executiva da ONG Lupa pela Paz garantiu
que essa campanha terá novas edições.

INFOCHPDPICT000059653037? Acredito muito em ações em conjunto, como essa. Quanto mais a gente se
mobilizar e os moradores saberem os direitos deles, mais teremos pessoas
engajadas na luta contra as atitudes violentas da polícia no complexo. O
trabalho é de formiguinha , mas não pode parar ? afirmou ela, acrescentando que
a data do evento coincide com a manifestação na Avenida Brasil, em que os
moradores das favelas da Maré, protestavam contra a chacina que vitimou nove
moradores do local, há três anos. ? Não acho que muita coisa melhorou de lá para
cá. Só mesmo o trabalho em conjunto das ONGs.

De acordo com a assistente social da ONG Redes da Maré, Eliana Sousa Silva,
desde a primeira edição da campanha, em 2012, os moradores passaram a procurar a
organização para entender sobre essas violações.

? Essa demanda cresceu tanto que passamos a criar um serviço especial de
orientação para essas pessoas. E, a partir desse ano, passamos a oferecer
assistência jurídica. Além dos esclarecimentos e orientações, acompanhamos os
procedimentos que eles tomam. Por sermos de uma instituição local, temos a
confiança dos moradores, o que não há com a iniciativa pública.

A iniciativa conta com a parceria das associações de moradores da região, da
Luta pela Paz, do Observatório de Favelas, do Vida Real, da Anistia
Internacional, da Actionaid,
do Instituto de Estudos da Religião, ISER, o Centro de Estudos de Segurança e
Cidadania, CESEC e da Casa Fluminense. Nos próximos três meses, 20 voluntários
vão distribuir a cartilha nos 45 mil domicílios do complexo, que, segundo o
Censo Maré 2015, conta com 140 mil moradores.

? Não vamos apenas entregar o material. Teremos uma conversa com os moradores
de casa em casa. A nossa proposta é mais pedagógica, de mobilizar os moradores
da Maré como agentes ativos de segurança pública nas favelas ? contou
Raquel.

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