BRASÍLIA ? A Escola Nacional de Administração Pública (Enap), vinculada ao governo federal, decidiu cobrar R$ 18,6 mil pela inscrição no curso Liderança e Inovação em Contextos de Mudança. O curso, de quatro dias de duração, deverá ocorrer entre os dias 18 e 21 de agosto e terá como clientes preferenciais “secretários executivos, secretários nacionais, diretores e assessores de ministérios e da Presidência da República, dirigentes de autarquias, fundações, agências, empresas públicas e de economia mista”, segundo os organizadores.
As inscrições são pagas pelos órgãos de origem dos servidores interessados no curso. Até o momento, 30 pessoas já se inscreveram. Só o Tesouro Nacional bancou a participação de cinco servidores no curso. O Banco do Brasil e algumas agências também decidiram patrocinar as aulas para alguns funcionários. Segundo a Enap, o curso tem como objetivo “explorar novas ideias e métodos para lidar com o contexto de transformações e atuar de forma efetiva na implementação e gestão das políticas públicas”. Esta é a primeira vez que a Enap, uma escola pública, cobra valores tão expressivos desta natureza.
O preço das inscrições provocou reação de alguns gestores destinatários dos convites. Para um deles, “é um absurdo” que a Enap cobre R$ 18,6 mil por inscrição em um curso de curta duração. Isto porque o dinheiro para custear a despesa sai dos cofres públicos e não do bolso dos servidores interessados. Procurado pelo GLOBO, o presidente substituto da Enap, Paulo Marques, disse que não vê problema no valor da taxa de inscrição. Ele argumenta que o curso será ministrado por um professor da Harvard Kennedy School of Government. Isso teria elevado os custos.
? A gente está pagando Harvard. Estamos trazendo um super especialista de Harvard. Se tivesse que ser lá (nos Estados Unidos), só estadia e hospedagem o curso ficaria por mais de R$ 30 mil ? disse Marques.