SÃO PAULO – Terceira maior fabricante de aviões comerciais do muindo, a Embraer anunciou nesta segunda-feira a abertura de um Programa de Demissão Voluntária (PDV) em suas fábricas no Brasil. O anúncio do PDV aocntece depois que na última sexta-feira a companhia reviu para baixo suas metas para entrega de aeronaves da aviação executiva. Não há estimativa de fechamento de vagas e a empresa não descarta demissões após o programa, caso a adesão fique aquém do esperado. É a primeira vez que a empresa faz um PDV.
De acordo com a Embraer, há uma retração generalizada nesse mercado, o que faz a empresa estimar a entrega de menos dez aeronaves neste ano. A meta anterior era entregar entre 135 e 115 aeronaves. Agora, a Embraer espera entregar entre 130 e 110 unidades. A projeçaão de fauramento da área executiva também foi revista para uma faixa entre US$ 1,75 bilhão e US$ 1,9 bilhão para um intervalo entre US$ 1,6 bilhão e US$ 1,75 bilhão. Além da retração do mercado executivo, a empresa alega perda de eficiência com a desvalorização do dólar e ainflação alta no Brasil. A empresa informou que adotará medidas visando reduzir custos em todas as suas unidades e negócios em todo o mundo.
“Como parte desse processo, será necessário readequar a estrutura administrativa e operacional da companhia. A Embraer anunciou que adotará um Plano de Desligamento Voluntário (PDV) para funcionários das unidades do Brasil. A companhia entende que o PDV dá a oportunidade de decisão ao funcionário e oferece um pacote atraente de benefícios. Todas as definições relativas ao plano estão ainda sendo estudadas e serão divulgadas ao término desse processo, que deve levar algumas semanas”, disse a empresa em nota.
No segundo trimestre, a empresa teve prejuízo de R$ 337 milhões, revertendo resultado positivo de R$ 399,6 milhões obtido no mesmo período do ano passado. O resultado foi impactado pela decisão da empresa de provisionar R$ 685 milhões (US$ 200 milhões) no item de outras despesas operacionais por conta da investigação que a empresa enfrenta por não ter respeitado as regras anticorrupção dos Estados Unidos (a U.S. Foreign Corrupt Practices Act – FCPA).
A Embraer foi intimada, em setembro de 2010, pela Securities and Exchange Commission (SEC, o órgão fiscalizador e regulador do mercado de capitais americano) e recebeu questionamentos do departamento de Justiça americano relativos à possibilidade de não conformidade com o FCPA em algumas vendas de aeronaves fora do Brasil. Na ocasião, a empresa contratou advogados para investigar internamente operações realizadas em três países.
?Em decorrência de informações adicionais, a companhia voluntariamente expandiu o escopo da investigação interna para incluir as vendas em outros países, reportou sobre esses fatos à SEC e ao DOJ e colaborou com estas autoridades?, detalhou a Embraer em comunicado distribuído nesta sexta-feira junto com os resultados.
A Embraer informou ainda que em maio de 2015 deu início a discussões com o departamento de Justiça dos EUA para por fim, mediante possível resolução, aos procedimentos investigativos.
?Em 2016, as negociações com as autoridades americanas progrediram significativamente ao ponto em que a Embraer fez uma provisão para perdas de US$ 200 milhões no trimestre encerrado em 30 de junho de 2016 refletindo o provável desfecho de tais negociações.?
O Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos divulgou em nota que não apoia o PDV ou qualquer outra medida que penalize os trabalhadores.
?A Embraer não pode jogar a conta desse caso de corrupção nas costas dos trabalhadores. É preciso que a denúncia seja minuciosamente investigada e que, se o crime for comprovado, os responsáveis sejam punidos e os prejuízos ressarcidos. Mais uma vez vemos os trabalhadores pagando por casos de corrupção, tanto em empresas públicas quanto privadas?, afirmou em nota o vice-presidente licenciado do Sindicato dos Metalúrgicos, Herbert Claros da Silva.