Guaíra – Há quase seis anos a Polícia Federal adquiriu três lanchas blindadas para patrulhamento e monitoramento no Rio Paraná, na fronteira do Brasil com o Paraguai. O projeto ambicioso previa embarcações com tecnologia inovadora, antirradar que não pegam fogo, produzidas com material reciclável. Duas delas estão em Guaíra e uma teria ficado à disposição da Delegacia de Foz do Iguaçu.
Como chegou a ser denunciado pelo Jornal O Paraná ainda em 2013, os equipamentos de quase R$ 2 milhões cada um sequer haviam sido usados mais de um ano depois da compra. Ficaram muito tempo parados na sede do Nepom (Núcleo Especial de Polícia Marítima) de Guaíra porque o projeto possuía incompatibilidades do que pedia o edital elaborado pelo Departamento da Polícia Federal. Elas foram devolvidas ao estaleiro construtor no Rio de Janeiro, onde ficaram por meses até serem adequadas e devolvidas às bases.
Hoje, na avaliação da própria PF, elas fazem a diferença na luta contra o crime organizado, mesmo que nem saiam do cais.
Potentes e com capacidade de navegação de cerca de 100 quilômetros por hora, as embarcações destinadas a atividades de risco intenso e/ou patrulhamentos no rio evitam que os policiais fiquem desprotegidos quando houver a necessidade de enfrentamento com traficantes e contrabandistas, além de serem imponentes e chamadas de Caveirão da PF.
Desde que começaram a operar efetivamente, elas se tornaram um importante instrumento para monitoramento da fronteira em um dos trechos considerados mais críticos em toda a região entre o Brasil e o Paraguai. A Polícia Federal daquela delegacia não registrou outro confronto armado com contrabandistas e traficantes.
Antes delas, não eram incomuns os casos em que havia troca de tiros entre agentes e criminosos que tentavam entrar no Brasil com barcos e lanchas superpotentes, abarrotados de todo tipo de produto ilícito, como cigarros, eletrônicos, drogas, armas e muita munição.
Embarcações reforçam aparato de segurança
As lanchas são parte de um importante aparato de cobertura da fronteira em um trecho de movimentação intensa de barcos trazendo produtos adquiridos no Paraguai e que entram ilegalmente no Brasil. Essa ação ainda é bastante comum, mas, segundo informações da própria PF, têm diminuído com a intensificação da fiscalização por água.
Vale lembrar que os contrabandistas montaram um esquema de trabalho audacioso. Há casos em que usam roupas especiais caso precisem se jogar na água em uma possível abordagem, muitos utilizam capacetes e com frequência eles arremessam suas embarcações contra os oficiais na tentativa de fugir da fiscalização.
A fronteira do Brasil com o Paraguai no Paraná é uma porta escancarada para a passagem de boa parte dos cigarros ilegais que abastecem o mercado brasileiro. Na mesma rota do contrabando, facções criminosas se utilizam do caminho bem traçado para levaram drogas, armas e munições ao crime organizado brasileiro. A região de Guaíra é considerada uma das principais rotas para esse tipo de ação dos criminosos e, com o objetivo de fechar ainda mais o cerco, será inaugurado no início do próximo ano a nova sede do Nepom, maior e mais bem equipada há cerca de dois quilômetros de onde está a atual sede.