BADEN BADEN – Os líderes financeiros do mundo deixaram de lado as propostas para apoiar o livre comércio, mostrou o comunicado dos ministros das Finanças e chefes de bancos centrais do G-20 ? que reúne as maiores economias do planeta. O texto traz apenas uma referência simbólica ao tema e tem linguagem bem menos enfática que a do ano passado, quando o grupo prometeu ?resistir a todas as formas de protecionismo?.
?Estamos trabalhando para fortalecer a contribuição comercial para nossas economias. Vamos nos esforçar para reduzir desequilíbrios globais excessivos, promver mais inclusão e justiça e reduzir a desigualdade em nossa busca pelo crescimento econômico?, diz o comunicado, divulgado ao fim do encontro na cidade alemã de Baden Baden.
g-20-16-03O posicioniamento representa um recuo diante do protecionismo defendido pelo presidente americano Donald Trump ? esta é a primeira reunião do G-20 desde a posse do republicano. Em conversas nos bastidores da reunião, representantes disseram que os EUA estavam barrando algumas questões centrais, sem disposição para fazer concessões e essencialmente inviabilizando um acordo, que requer a assinatura de todos.
Em menos de três meses de governo, Trump já fez cumprir algumas promessas de campanha, no sentido de transformar os EUA em uma economia mais fechada: tirou o país da Parceria Transpacífica ? que seria o maior acordo comercial do mundo ? e propôs um novo imposto às importações, argumentando que algumas relações comerciais precisam ser reexaminadas para serem mais justas com os trabalhadores americanos.
Os líderes financeiros do G-20, no entanto, reafirmaram o compromisso de evitar a desvalorização cambial competitiva, um acordo-chave, já que os EUA têm se queixado repetidamente que alguns de seus parceiros comerciais estão usando moedas artificialmente desvalorizadas para obter vantagem comercial.
No mais recente confronto entre o novo governo dos EUA e a comunidade internacional, o G-20 também voltou atrás da promessa de apoiar o financiamento ao combate às mudanças climáticas, o que era esperado, depois de o presidente dos EUA, Donald Trump, classificar a mudança climática como um ?boato?.
SECRETÁRIO DE TRUMP: ?NÃO PODERIA ESTAR MAIS FELIZ?
Segundo participantes do encontro ouvidos pela Reuters, o encontro não atacou assuntos importantes, que precisam de consenso dos integrantes do grupo. No entanto, o diálogo foi amigável, deixando a porta aberta para acordos no futuro.
Representante do governo Trump na reunião, o secretário do Tesouro dos EUA, Steven Mncuchin, comemorou o resultado do encontro.
? Este é meu primeiro G-20, então, o que estava no último comunicado não é necessariamente relevante do meu ponto de vista. Entendo o que é o desejo do presidente e suas políticas, e negociei esses pontos aqui ? afirmou Mnuchin. ? Não poderia estar mais feliz com o resultado.
O secretário disse ainda que acredita no livre comércio e repetiu o discurso de Trump ? baseado no mote ?EUA primeiro?, ao afirmar que certos acordos precisam ser reavaliados:
? Acreditamos em livre comércio, somos um dos maiores mercados do mundo, um dos maiores parceiros comerciais do mundo, comércio internacional tem sido bom para nós e tem sido bom para todos. Tendo dito isto, queremos reexaminar certos acordos.