Cotidiano

Em carta, Cunha admite que errou e passou do ponto em muitos momentos

BRASÍLIA – O ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha enviou uma carta aos deputados na qual faz um apelo para não cassarem seu mandato e que não tenham medo da repercussão nos meios de comunicação caso votem a seu favor. A carta, de oito páginas, está sendo entregue em gabinete por gabinete por assessores de Cunha. O parlamentar que a recebe, dá uma assinatura de recebido. Num dos trechos, o peemedebista admite que passou dos pontos em alguns momentos, sem citá-los. Ele diz também que não quer se passar por vítima e reconhece que errou muito.

“Reconheço que, em busca de justiça, errei e passei do ponto em muitos momentos, gerando uma reação corporativa, cujo objetivo passou a ser a busca da minha punição, apesar de tantas investigações abertas contra terceiros”, diz Cunha no texto.

O deputado afastado diz ser muito difícil explicar todos seus argumentos numa carta, para pedir que os colegas evitem uma injustiça que pode encerrar sua carreira política e “destruir” sua família.

“Quero deixar claro que não pretendo me fazer de vítima ou de perseguido para convencê-los a votar contra a cassação do meu mandato”…”Continuo contando com você, agora mais do que nunca, neste momento vital para mim e para a minha família”.

Na carta, Cunha se vangloria de ter aberto o processo de impeachment contra Dilma, no final do ano passado, e que tem sido perseguido desde então.

“Não há dúvida que a minha situação política se agravou após a aceitação da denúncia do impeachment. Todos sabem que sem minha determinação e sem minha atuação jamais este processo teria sido aberto”, disse.

Cunha voltou a negar que tenha mentido na CPI da Petrobras sobre ter contas no exterior. Disse que não movimentada a conta e que não era autoriza a fazer qualquer tipo de movimentação. Ele diz que esse assunto já está sendo investigado pelo STF e que seria “esdrúxulo” cassar seu mandato por acusação que responde no STF.

O ex-presidente da Câmara diz que os deputados não devem temer a repercussão de votarem a seu favor na sessão que vai decidir seu destino. “Se você está preocupado com a repercussão da mídia se não votar contra mim, já pensou que ela em seguida, por outro assunto, pode te bater ou enaltecer independentemente do resultado? Sabemos qual é o a forma de a mídia operar, mas peço que o medo da repercussão dessa decisão não seja o preço que custará a minha vida e o legado pelo qual tanto lutei”.

Cunha faz apelos citando a família e diz que os deputados sabem que é difícil ser familiar de um parlamentar nos dias de hoje, mas que passaram dos limites com ele.

“Já é uma punição o sofrimento da minha família, com chacotas, mentiras e acusações falsas. O que peço é apenas que eu tenha a oportunidade de concluir o meu mandato. E que os meus eleitores do Rio continuem representados por mim. Se meus eleitores não estiverem sentidos representados por mim, eles poderão ‘cassar’ o meu mandato bastando não me eleger novamente”.