A vitória de Donald Trump na eleição para a presidência dos EUA pode ser considerada, na visão de analistas, uma mensagem dos ?esquecidos pela globalização? contra as elites econômicas.
O resultado da eleição americana reflete, de acordo com os especialistas, um fenômeno de rejeição ao livre comércio que já havia transparecido no resultado do Brexit, plebiscito que acabou decidindo pela separação do Reino Unido da União Europeia.
Durante a campanha, Trump criticou repetidas vezes acordos transnacionais de livre comércio. Para o economista francês Thomas Piketty, autor do best-seller ?O Capital no século XXI?, existe uma noção crescente de que a integração econômica a nível mundial não tem beneficiado os mais pobres, algo aproveitado pelo candidato republicano.
? O sentimento geral, sobretudo nas classes populares, é que eles estão pagando a conta da globalização ? resumiu Piketty.
? A economia mundial atravessa dificuldades e aqueles que sofrem têm a impressão de que a globalização é responsável ? completou o economista japonês Seiji Katsurahata.
Na última cúpula do G-20, em setembro, a diretora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, havia assegurado que os chefes de Estado dos países mais ricos do mundo estavam determinados em dar respostas ?às críticas populistas e fáceis contra a globalização?.
No mês seguinte, contudo, o FMI mostrou preocupação e alertou para a necessidade de integrar ?a todos e não apenas alguns? através da globalização.
? Há uma percepção muito clara, e penso que correta, de que esses acordos comerciais são concebidos para os interesses de grandes grupos ? explicou o prêmio Nobel de Economia Joseph Stiglitz, em recente visita a Paris.