PARIS ? Enquanto muçulmanos e católicos rezavam juntos ontem nas principais catedrais da França para homenagear o sacerdote Jacques Hamel, assassinado na última terça-feira por extremistas muçulmanos, em Saint-Etienne-du-Rouvray, no Noroeste da França, a polícia decretava a prisão preventiva de dois suspeitos de associação com Abdel-Malik Nabil Petitjean e Adel Kermiche, os responsáveis pelo ataque.
Farid K., de 30 anos, nascido em Nancy, é suspeito de associação para o terrorismo com fins de perpetuar um crime. Primo de Petitjean, segundo as autoridades francesas, ele tinha ?perfeito conhecimento, ainda que não do dia e local precisos, ao menos da iminência da ação violenta por parte de seu primo?. Já Jean-Philippe Steven J, de 20 anos, supostamente tentou viajar para a Síria com Petitjean.
A polícia espera que os detidos ajudem a entender como Petitjean e Kermiche se conheceram. Os dois haviam sido fichados de forma separada pelos serviços de Inteligência, mas os investigadores não perceberam que eles, de fato, cometeriam um atentado. O trabalho posterior permitiu estabelecer que os dois assassinos do sacerdote entraram em contato através do aplicativo de mensagens Telegram dias antes de agir, segundo vários meios de comunicação. Adel Kermiche teria descrito o ?modus operandi? do atentado nessas conversas, mencionando uma faca e uma igreja.
Repúdio ao terrorismo
Na última terça-feira, Petitjean e Kermiche, ambos de 19 anos, interromperam uma missa em Saint-Etienne-du-Rouvray e degolaram o padre Jacques Hamel, de 85 anos. Ambos os extremistas foram mortos pela polícia. O ataque foi reivindicado pelo grupo Estado Islâmico (EI).
Neste domingo, muçulmanos manifestaram seu repúdio ao terrorismo participando de missas católicas em homenagem ao sacerdote na França e na Itália.
Na icônica Catedral de Notre Dame, Dalil Boubakeur, líder da Mesquita de Paris, afirmou que os muçulmanos querem viver em paz e até lançou mão da expressão do latim ?Urbi it Orbi?, comumente usada pelo Papa em suas mensagens dominicais. Na catedral de Rouen, a poucos quilômetros de onde Hamel foi morto, cerca de cem muçulmanos se juntaram a dois mil fiéis católicos para acompanhar a missa, atendendo ao chamado do Conselho Francês do Culto Muçulmano (CFCM), que convidou os responsáveis de mesquitas, imãs e fiéis para expressar sua ?solidariedade e compaixão?.