RIO – Ao fazer nesta quarta-feira uma análise da economia mundial, a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, citou o Brasil e a Rússia como países que estão “mostrando alguns sinais de melhoria após um período de severa contração”. Ela disse que a economia mundial ainda apresenta uma série de fragilidades, mas acrescentou que as perspectivas das economias emergentes e em desenvolvimento “merecem um otimismo cauteloso”.
Lagarde fez um alerta contra o protecionismo e as restrições ao comércio, afirmando que a economia global corre o risco de um crescimento baixo de forma prolongada. Ela disse que a atual recuperação econômica global ainda é “muito fraca” depois da crise de 2008. De acordo a diretora, as economias avançadas sofrem uma dolorosa desigualdade, e nas economias em desenvolvimento correntes populistas ameaçam os progressos da última década.
A diretora falou ainda que o fundo reduziu sua previsão para o crescimento dos EUA em 2016, e chamou as políticas que restringem o comércio como “práticas desfavoráveis” que desaceleraram o crescimento.
Em palestra na escola Kellogg de Administração, na Universidade de Northwestern, nos Estados Unidos, Christine Lagarde disse que as economias emergentes, que lideram a recuperação mundial desde a crise financeira de 2008, vão continuar contribuindo com mais de três quartos do crescimento global este ano e também em 2017.
A diretora do FMI disse que a China, que é um dos sustentáculos desse crescimento das economias emergentes, vem trabalhando nos últimos anos para equilibrar a expansão de sua indústria como a área de serviços e tem reorientado o seu foco para o consumo interno. Isso, de acordo com Lagarde, vai permitir o desenvolvimento sustentável do país, mesmo com crescimento mais lento. Lembrou que esse crescimento lento é ainda “robusto” porque significa uma expansão anual de 6% para o país.
Índia faz reformas significativas
Christine Lagarde destacou, também, o exemplo da Índia, que “está embarcando em reformas significativas” em sua economia, o que permite que o país cresça a uma taxa de 7% ao ano.
Para a diretora do FMI, o lado ruim – para as economias em desenvolvimento – é que os países exportadores de commodities ainda estão sendo duramente atingidos pelos preços baixos, enquanto os países do Oriente Médio “continuam a sofrer com os conflitos e com o terrorismo”.
Segundo Lagarde, levando-se em conta os pontos positivos e negativos da economia mundial, os países ainda vão enfrentar durante muito tempo os problemas decorrentes do baixo crescimento. Ela acrescentou que os pontos positivos hoje beneficiam “muito poucos”.