BRASÍLIA – O diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Roberto Azevêdo, negou que José Serra, ministro das Relações Exteriores, tenha criticado a OMC e que haja qualquer atrito entre ambos. Após reunião com o presidente interino Michel Temer nesta segunda-feira, Azevêdo disse que ele próprio e Serra dizem “exatamente a mesma coisa”.
No começo do mês, em encontro ministerial da OMC, realizado em meio a reunião da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), em Paris, Serra falou que a experiência do Brasil com a OMC na última década “não tem sido recompensadora”.
Com um padrão de comércio geograficamente bem distribuído, o Brasil naturalmente valoriza a OMC, mas a experiência dos últimos dez anos não tem sido recompensadora. Não temos sido capazes de ajustar a assimetria em setores econômicos e ao acesso entre produtos agrícolas e industriais. Não temos sido capazes de dar continuidade às preocupações dos países em desenvolvimento para facilitar sua crescente participação no comércio internacional criticou Serra, que também havia dito em seu discurso de posse, mês passado, que o Brasil “não mais restringirá sua liberdade e sua iniciativa por uma adesão exclusiva e paralisadora aos esforços multilaterais da OMC”.
Azevêdo refutou que houvesse quaisquer sinais de distanciamento do Brasil em relação à OMC, e afirmou que Serra, ao falar em tomar “novos caminhos”, não quis dizer que eles seriam fora da OMC. O diretor criticou a imprensa nacional e mostrou irritação.
Não vejo nada disso. Eu li todos os discursos dele, li inclusive o discurso de Paris, e não li nada do que eu vi na imprensa brasileira. Francamente. Eu li o discurso do começo ao fim e não achei nada aquilo. Inclusive no momento em que diz que o Brasil iria procurar novos caminhos, eu li o discurso. Ele estava falando em novos caminhos dentro da OMC, não fora da OMC. Leia o discuso, gente. Pelo amor de Deus.