Cotidiano

Desemprego vai encostar em 13% e só vai cair em 2018, prevê Bank of America

RIO – O desemprego deve atingir pico de 12,9% no segundo trimestre do ano que vem e só vai começar a cair em 2018, previu nesta quarta-feira o o banco americano Bank of America Merrill Lynch. A taxa está hoje em 11,8%, sendo que cada ponto percentual representa um milhão de desempregados, aproximadamente.

? No segundo semestre de 2017, o desemprego só vai registrar uma acomodação. A melhora só deve acontecer em 2018. Mesmo assim, não vamos voltar para níveis como 6,5%, 6%, que tivemos no passado. O desemprego ?neutro? no Brasil está agora entre 9% e 10%. O curso agora é de correção de excessos ? afirmou David Beker, chefe de economia e estratégia do Bank of America Merrill Lynch no Brasil.

O banco acredita que o Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de riquezas e serviços produzidos pelo país) crescerá 1% em 2017. A projeção é mais otimista que a média do mercado: segundo a pesquisa semanal Focus, do Banco Central, os economistas estimam que o Brasil crescerá 0,80% no ano que vem, e o Bradesco projeta expansão de apenas 0,3% da economia.

? Muita gente acabou extrapolando os dados que vieram um pouco piores na margem. Mas acho mais razoável trabalhar com crescimento, embora o risco envolvido é de uma piora desse número ? afirmou Beker.

O BofA também espera que o ciclo de redução de juros pelo Banco Central (BC) será mais lento do que o restante dos economistas. Enquanto a Focus mostra expectativa de que a taxa básica de juros, a Selic, encerrará 2017 em 10,50% (hoje está em 13,75%), o BofA estima que ela encerrará o próximo ano em 11,25%. Para o banco, a Selic só chegará a 9,75% no fim de 2018. Nas últimas semanas, o mercado financeiro vem pressionando o BC por cortes maiores na Selic, dada a recessão que o país enfrenta.

?Minha projeção é que teremos um ciclo mais alongado de redução da Selic. O BC deveria ter começado o ciclo cortando 0,5 ponto percentual (ele começou cortando 0,25 ponto em outubro). Isso porque eu já achava que o juro real (descontado-se a inflação) estava muito elevado ? afirmou. ? Mas com a ata da última reunião do Copom, divulgada ontem (terça-feira), o BC já tirou todas as amarras e, assim, começou a alinhar as expectativas de que o próximo corte já será de 0,5.

Para o câmbio, ele espera que a taxa chegará em R$ 3,90 no fim do ano que vem por causa da eleição de Donald Trump.

? É um ?driver? externo com perspectiva de alta de juros nos EUA. A política fiscal mais expansionista que o Trump deve representar significa que os juros estarão mais apertados por lá, e isso significa dólar mais forte ? previu.