Cotidiano

Deputada que teve marido preso após voto do impeachment é investigada no Supremo

BRASÍLIA — A deputada federal Raquel Muniz (PSD-MG), famosa por citar o marido — que acabou preso —no discurso em que anunciou ser favorável ao impeachment da presidente Dilma Rousseff, responde a um inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) pelos crimes de lavagem de dinheiro e falsidade ideológica. O processo se tornou público após longo tempo oculto, ou seja, quando sua existência sequer era confirmada pelo STF.

O inquérito foi aberto no ano passado a pedido da Procuradoria Geral da República (PGR), que alega ter descoberto uma esquema pelo qual a Sociedade Educativa do Brasil (Soebras), uma entidade filantrópica comandada pela deputada e pelo marido, exercia na verdade atividade empresarial, auferindo e distribuindo lucros e rendas. Isso se daria por meio de transferências a entidades presididas por Raquel Muniz. Por ser filantrópica, a Soebras tem isenções tributárias.

De acordo com informações obtidas junto à Receita Federal, a Soebras é mantenedora de 125 estabelecimentos nas áreas de educação e saúde. Deles, pelo menos 40 têm os mesmos endereços.

— O meu voto é em homenagem às vítimas da BR-251. O meu voto é para dizer que o Brasil tem jeito, e o Prefeito de Montes Claros mostra isso para todos nós com a sua gestão. O meu voto é por Tiago, David, Gabriel, Mateus, minha neta Júlia, minha mãe, Elza. Meu voto é pelo norte de Minas, é por Montes Claros, é por Minas Gerais, é pelo Brasil. Sim, sim, sim! — disse Raquel na sessão de 17 de abril, quando a Câmara aprovou a continuidade do processo de impeachment.

No dia seguinte, o marido Ruy Muniz foi preso pela Polícia Federal suspeito de prejudicar o funcionamento de hospitais públicos em favorecimento de uma rede particular, gerido pela própria família. A Operação 'Máscaras da Sanidade II – Sabotadores da Saúde' também prendeu a secretária de saúde do município, Ana Paula Nascimento.