BRASÍLIA – Quase dois meses após a aprovação do relatório que pede a cassação do ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o Conselho de Ética da casa voltou a se reunir para o sorteio dos relatores de novos quatro processos disciplinares contra parlamentares. Entre os processos, estão representações contra os deputados Jair Bolsonaro (PSC-RJ) e Jean Wyllys (PSOL-RJ), ambos acusados de infringir o decoro parlamentar por fazerem declarações consideradas inadequadas aos cargos que ocupam.
No caso de Bolsonaro, o conselho irá debater se o deputado fez ou não apologia à tortura em seu voto na sessão da Câmara que aceitou o pedido de abertura do processo de impeachment de Dilma Rousseff em abril. Já o socialista é acusado de imputar, além de Bolsonaro, os deputados Marco Feliciano (PSC-SP) e Eduardo Bolsonaro (PSC-SP), como partes culpadas pelo atentado à boate Pulse, na Flórida (EUA) em junho. Em uma postagem em uma rede social, Jean Wyllys teria associado o comportamento dos parlamentares ao do autor do massacre, Omar Mateen.
O anúncio dos relatores deve ser feito até esta quinta-feira pelo presidente do conselho, José Carlos Araújo (PR-BA). Por sorteio prévio, a relatoria do processo contra Bolsonaro deve ficar entre Silas Câmara (PSD-AM), Odorico Monteiro (PROS-CE) e João Carlos Bacelar (PR-BA). Para a relatoria do processo de Jean Wyllys, Câmara também foi sorteado, mas dessa vez ao lado de Júlio Delgado (PSB-MG) e Capitão Augusto (PR-SP).
O conselho também instaurou processos contra os deputados Laerte Bessa (PR-DF) e Wladimir Costa (SD-PA). Ambos são alvo de representações feitas pelo PT por terem feito declarações que teriam atacado o partido e Dilma Rousseff. Em 15 de junho, Bessa chamou o PT de partido de “ladrões” e Dilma de “vagabunda”. Contra Costa, o PT justificou a quebra de decoro por ele ter dito, durante sessão do Conselho de Ética em 7 de junho, que “99,99% petistas são bandidos da pior periculosidade”.
O Conselho de Ética vive a expectativa de receber mais uma denúncia por quebra de decoro parlamentar. Nesta quarta, um grupo de deputadas levou ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), uma representação contra o líder do PSC na casa, Marco Feliciano (PSC-SP). O parlamentar é acusado de agressões físicas e sexuais, ameaça, tentativa de corrupção e cárcere privado contra a jornalista Patrícia Lélis. Para ser aceito pelo conselho, a representação ainda deve passar pela Corregedoria Geral da Câmara.
*Estagiário sob supervisão de Francisco Leali