Cotidiano

Da tradição à inovação: como os presentes de casamento evoluíram ao longo do tempo

Já no ápice do avanço tecnológico, o processo de presentear noivos tornou-se, em muitos casos, integralmente virtual

Da tradição à inovação: como os presentes de casamento evoluíram ao longo do tempo

Atualmente, presentear noivos e recém-casados pode ser uma tarefa fácil. O casal tem a possibilidade de criar seu próprio site de casamento e registrar presentes em uma lista virtual para que os convidados, sem saírem de casa, consigam mandar sua lembrança aos dois.

Porém, a realidade nem sempre foi essa. Por muitos anos, antes de listas virtuais de presentes de casamento sequer serem opções, a tradição de criar enxovais – com roupas e utensílios bordados à mão por familiares e amigos – era uma grande prática em diversos países.

Além dos avanços da tecnologia, que agilizaram diversos processos durante o planejamento de um casamento, mudanças sociais e históricas referentes à união matrimonial e à posição da mulher em sua família foram essenciais para alterar também a forma com que noivos e noivas de todo o mundo escolhem e recebem seus presentes.

A tradição do enxoval familiar

A ideia de enxoval, na qual a família da noiva bordava lençóis, camisolas, fronhas, toalhas de mesa e diversos utensílios para o novo lar do casal, é uma prática popular no Ocidente desde a Idade Média.

De acordo com estudo da Universidade Federal do Ceará, até a década de 1930, a fabricação de um enxoval, assim como o próprio casamento, era requisito obrigatório para quase todas as mulheres no Brasil. Portanto, era comum que a família, a partir da primeira comunhão da menina, já começasse a fabricar itens básicos para montá-lo.

A existência do enxoval, por muitos anos, era uma questão de status, que falava sobre a honra da noiva. Por isso, até mesmo os familiares mais pobres se esforçavam para bordar algumas peças para a mulher e, muitas vezes, contavam com a ajuda de toda vizinhança para isso.

Já para famílias mais ricas, além de bordados, era comum entrar também no enxoval mobílias de vários cômodos, assim como lingeries, que tinham o propósito de auxiliar no início da vida sexual de muitas noivas.

A pesquisa mostra que, com o passar dos anos, os enxovais foram encolhendo, tornando-se mais práticos. Cada vez mais, era preciso pensar na necessidade de ambos os noivos, deixando a validação sobre a honra da família da mulher em segundo plano.

Já na década de 1970, após avanços tecnológicos, adquirir um artigo de cama, mesa e banho tornou-se mais fácil. Assim, muitas pessoas passaram a comprar produtos industrializados, fazendo a tradição de bordados à mão perder a força.

Lista de presentes de casamento em loja

Ao passo que os produtos passaram a ser comprados, visando facilitar a vida de casal no novo lar, rapidamente, eletrodomésticos e objetos de decoração começaram a fazer parte de presentes mais comuns para noivos.

Assim, a fim de marcarem presença nesse momento, lojas do setor passaram a aceitar listas de presentes de casamento. Dessa forma, o convidado poderia consultar diretamente na empresa qual produto despertou o interesse do casal. Nesse cenário, itens como máquina de lavar, cama, cafeteira e outros produtos típicos de um lar passam a chamar a atenção.

Apesar dessa ter sido uma alternativa estratégica por muito tempo, com opções de sites de casamentos e montagem da própria lista virtual, com diversos presentes, a preferência pelo digital se tornou clara.

“Fazer diretamente na loja é mais exaustivo do que montar a lista no conforto de sua casa. Sem contar que essa possibilidade também permite que o casal escolha exatamente o produto, sem necessidade de trocas ou devoluções”, afirma a assessora e cerimonialista, Lucineia Almeida.

Listas virtuais próprias são opções favoritas dos noivos (Foto: Eliza Szablinska/Unplash)

 

Opções virtuais e presentes em dinheiro

Já no ápice do avanço tecnológico, o processo de presentear noivos tornou-se, em muitos casos, integralmente virtual. A possibilidade de montar o site de casamento levou vários casais a optarem por registrar os presentes desejados em seu próprio portal, dispensado o contato com outras lojas e empresas.

No outro lado da equação, os convidados podem presentear com o dinheiro referente ao item desejado para que os noivos comprem o produto. “A lista de casamento virtual é uma forma simpática para os convidados comprarem presentes, além de muito prática e assertiva. O casal tem total autonomia em decidir como usar o que ganhou”, afirma Luis Machado, CEO da plataforma iCaseii, a primeira empresa a ofertar o recurso de lista de presentes virtuais para noivos no Brasil.

A ferramenta é um dos maiores sucessos do iCasei. Desde o lançamento do recurso da lista de presentes, ano a ano a empresa aponta crescimento na adesão entre os casais. Cerca de 90% dos clientes habilitam este recurso ao editar seu site. Em 2019, por exemplo, o serviço registrou uma média superior a 105 mil presentes por mês em sites criados por noivos de todo o país. Ainda de acordo com seu founder, Luis Machado, a lista vem como uma forma de suprir a necessidade dos casais das novas gerações.

“Décadas atrás, o estilo de vida era bem diferente e os noivos viam no presente a oportunidade de construir sua vida a dois”, aponta. Hoje, grande parte dos casamentos são realizados entre pessoas que já moram juntas, em uma casa mobiliada. Com isso, ganhar eletrodomésticos, móveis e utensílios de presente de casamento não se mostra mais como uma necessidade.

Como resultado, as listas virtuais podem ser transformadas em dinheiro para que os noivos a utilizem da maneira que preferirem: reformar a casa, realizar um sonho, viagens e projetos pessoais ou, ainda, contribuir para os custos da festa ou da lua de mel. “Nesse cenário, o casal pode deixar o total arrecadado pelos presentes acumular para comprar algo de maior valor ou utilizar como crédito no futuro. Definitivamente são vantagens que fizeram a modalidade alavancar no mundo do casamento ao ponto da lista de presentes virtuais ser, hoje em dia, a opção mais utilizada”, conclui Lucineia Almeida.