Cotidiano

Crítica: um Bruno Mars reluzente e sólido

Image 2 Photo Credit_ Kai Z Feng (1).jpgRIO – Desde 2010, quando deu uma mão ao rapper B.o.B para que ele chegasse às paradas com ?Nothing on you?, o havaiano Bruno Mars se insinuava como um possível menino de ouro do pop internacional. Dois discos solo (?Doo-wops & hooligans?, de 2010, e ?Unorthodox jukebox?, de 2012) e uma fileira de hits depois, o cantor, compositor, produtor e multi-instrumentista quer provar que seu metal precioso e reluzente é também sólido. E chega bem perto disso com seu terceiro álbum, ?24K magic?, um estudado tributo ao r&b no que ele teve mais de mais espetacular, dos anos 1960 aos 90.

Com apenas nove faixas, o lançamento não é apenas uma volta ao tamanho de disco que cabia em um LP de vinil, mas também uma mostra de poder concentrado: cada canção é tiro certeiro, sem enrolação e sem recurso a outros estilos, como o reggae e a new wave dos outros álbuns. A faixa-título é funk eletrônico de estirpe, puro Zapp de Roger Troutman, com baixos de borracha e efeito de talkbox em seu esplendor ? reafirmação de ?Uptown funk?, canção com a qual Mars e o produtor Mark Ronson varreram o mundo ano passado. Bruno Mars – “24K Magic”

Com uma incrível atenção para detalhes sonoros, o cantor volta a emular o som dançante de 1982 com ?Chunky? e faz uma junção de dois James de diferentes décadas ? James Brown e Ricky James ? em ?Perm?. Com a perícia de quem já trabalhou como imitador de Elvis Presley e de Michael Jackson, ele faz ainda perfeitas recriações do new jack swing dos 90, em ?That?s what I like? (com curvas melódicas de profissional), ?Calling all my lovelies? (na qual a atriz Halle Berry faz participação em recado de secretária eletrônica) e ?Finesse? (a que mais remete às produções de Jimmy Jam e Terry Lewis).

Como não poderia deixar de ser num disco de Bruno Mars, em ?24K magic? o romantismo fala alto. Em ?Versace on the floor?, ele mete os dois pés na lama do baladismo oitentista, com teclado DX7 e guitarra staccatto, lembrando muito ?Yes?, hit de Tim Moore. Já ?Too good to say goodbye? vai mais longe ainda: é parceria com o velho Babyface e, de tão requintada construção melódica, faz ?Talking to the moon?, um Mars safra 2010, parecer uma baladinha simplória.

Cotação: Ótimo