RIO ? Um crânio de 800 anos, decorado com um mosaico de turquesas, foi considerado por décadas como uma obra de arte do povo Mixteca, que floresceu na região do sul do México entre os séculos IX e XVI. Porém, análises modernas realizadas pelo Museu Nacional de Etnologia da Holanda, em Leiden, mostraram que trata-se de uma falsificação.
?A datação radiométrica mostrou que o crânio e a turquesa são do período de tempo e origem corretos e são autênticos?, disse o museu, em comunicado publicado em seu site. ?Porém, infelizmente: investigações adicionais mostraram que uma cola do século XX foi usada para montar o mosaico?.
Além disso, os pesquisadores notaram que os dentes colocados no crânio também são falsos, pois estão ?muito bem preservados para um crânio que ficou séculos enterrado?.
A peça foi adquirida pelo museu em 1963, por cerca de US$ 20 mil, e era apontada como o exemplo máximo da arte mesoamericana. Existem no mundo outros apenas 20 crânios desse tipo, mas não é possível saber se todos são falsificações. Contudo, todos são bastante suspeitos, já que não existem informações de quem realizou as descobertas, nem o local e a data das escavações.
As investigações foram iniciadas em 2012, após Martin Berger , curador do museu, receber uma ligação de um colega francês, que avisou ter recebido um crânio similar de uma coleção privada, e que o doador afirmara ter dúvidas sobre a autenticidade.
Em entrevista ao jornal ?Trouw?, Berger disse suspeitar que o crânio tenha sido montado por um dentista mexicano nas décadas de 1940 e 1950, quando as peças arqueológicas mexicanas foram alvo de pilhagem em larga escala, e o comércio de obras mixtecas se tornou lucrativo. Questionado se estava desapontado com a revelação, Berger foi direto:
? Não ? disse ele. ? Na verdade, o fato nos deu uma história bizarra e isso é exatamente o que os museus querem fazer, contar histórias.