BRASÍLIA – A conta de R$ 62,2 bilhões que vai ser cobrada das tarifas de energia elétrica a partir deste ano vai parar na Justiça. A Associação Técnica Brasileira das Indústrias Automáticas de Vidro (Abividro), que reúne 15 empresas do setor que já chegaram a faturar R$ 12 bilhões por ano, já aprovou em seu conselho a decisão de ir para os tribunais questionar o pagamento.
? Já temos aprovação em assembleia desde o fim do ano passado, mas estávamos esperando um sinal de bom senso do governo, de revisão, mas isso não aconteceu ? disse ao GLOBO Lucien Belmonte, superintendente da Abividro, que tem como sócios empresas de grande porte como Saint-Gobain, Nadir Figueiredo, Owens Corning.
Segundo Belmonte, falta transparência na conta apresentada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e na gestão de fundos públicos, como a Reserva Geral de Reversão (RGR), que foram criados para o pagamento dessas contas.
? Cadê a RGR que nós já pagamos? Qual a transparência disso? Falar que o dinheiro acabou e cobrar dos consumidores é muito simplório, eu quero ver a conta. No fundo, a gente acha que isso já foi pago ? disse Belmonte.
Ele destaca que a procura pela Justiça deverá começar pelos maiores consumidores, porque eles têm uma capacidade maior de organização e articulação, mas destacou que a conta atinge a todos os consumidores de energia do país.
? Não é o grande consumidor que não quer pagar a conta. É que o grande consumidor é mais organizado. Talvez os representatnes de consumidores menores não conheçam tanto o assunto.
A Abividro ainda discute com outras associações representantes de consumidores intensivos de energia elétrica o melhor meio de buscar a Justiça para reclamar sobre a conta. As entidades ou empresas podem acionar os tribunais em grupo ou individualmente.