RIO – Uma equipe internacional de pesquisadores provou, por meio de um estudo publicado esta semana, algo de que cientistas já suspeitavam: as aves conseguem dormir enquanto voam.
Divulgado pelo periódico “Nature Communications”, o trabalho conduzido por Niels Rattenborg, do Instituto Max Planck, da Alemanha, com colegas de várias instituições provou que pássaros voadores podem dormir com os dois hemisférios do cérebro desligados ou com apenas um. Surpreendentemente, essas aves conseguem reter sua capacidade de navegação mesmo em sono REM, quando há alguma perda de controle muscular.
Cientistas suspeitavam há tempos de que, para voar durante dias, semanas e até mesmo meses sem interrupção, as aves teriam evoluído para dispor da habilidade de dormir enquanto voam, entrando em sono uni-hemisférico. Ou seja, com um lado do cérebro descansando e outro controlando os movimentos. É a mesma coisa que golfinhos fazem para nadar enquanto dormem.
Entretanto, esse comportamento nunca havia sido provado. Trabalhando com equipes da Universidade de Zurique e do Instituto de Tecnologia da Suíça, os pesquisadores desenvolveram um pequeno aparelho que, preso na cabeça de um pássaro, registrou a sua atividade cerebral eletroencefalográfica.
Para os testes, os cientistas escolheram pássaros fragata das Ilhas Galápagos, no Equador. Estes animais passam normalmente semanas voando sem parar sobre o Oceano Pacifico em busca de comida. Alguns voaram mais de 3 mil quilômetros sem interrupção, durante os estudos.
Os resultados mostram que os pássaros ficam acordados durante o dia. Quando o sol se põe, eles param de voar buscando comida e passam a voar de corrente em corrente de ar. Eles entram em sono de ondas lentas por vários minutos inúmeras vezes. Entretanto, os pesquisadores concluíram que os pássaros mantém o controle do voo mesmo com os dois hemisférios dormindo. Porém, é mais comum as aves nessa situação manterem apenas um lado do cérerbro ativo.
Mesmo com essa incrível capacidade, as fragatas ainda dormem muito pouco. Em média, 42 minutos por dia. Em comparação, quando em terra, dormem até 12 horas. Isto sugere que eles só usam essa capacidade de sono durante voos em busca de comida. Mas os cientistas ainda não sabem explicar como eles conseguem operar com tão pouco descanso.