XANGAI – Enquanto as pessoas passam apressadas em uma estação de trem em Xangai, quatro grandes outdoors acima delas exibem o nome do chefe de uma empresa de médio porte. Mas não era um anúncio da companhia. O nome dele foi parar lá porque a empresa deixou de pagar no começo do mês uma dívida de 2,9 milhões de yuans ? cerca de R$ 1,4 milhão.
Com a desaceleração do crescimento, alguns dos tomadores de empréstimo têm tido mais dificuldade para honrar as dívidas, o que levou as dívidas já vencidas nos bancos chineses para mais de US$ 299 bilhões no fim de maio, segundo dados oficiais. Mas analistas dizem que o nível estaria ainda mais alto.
Para conter essa onda de calotes, a Justiça chinesa reforçou suas táticas para ?envergonhar? os devedores, ressaltando o fracasso de outros métodos para convencer essas pessoas a honrarem suas pendências. Entre os métodos usados estão o congelamento e a venda forçada de ativos.
Nos dez dias terminados na última sexta-feira, os nomes, números de identidade, endereços, números dos casos e montantes devidos por 20 pessoas, sejam cidadãos comuns ou chefes de empresas, foram exibidos em telas nas duas maiores estações de trem de Xangai em intervalos de dez minutos. Em alguns casos, havia até as fotos dos devedores.
Mas nem todos os devedores exibidos tinham pendências tão grandes quanto as da empresa mencionada. Em alguns casos, eles eram expostos por não terem pago 1.984 yuans.
? Há muitos casos e muito poucos juízes. Cada juiz tem de lidar com mutos casos por ano ? explicou Wu Zhendong, advogado de serviços financeiros do escritório King & Wood Mallesons, explicando porque garantir os julgamentos destes casos é tão difícil.
Enquanto a Justiça de fora do hub financeiro da China já tenho adotado essa tática de expor os devedores antes, o judiciário em Xangai adotou o método com mais intensidade.