Foz do Iguaçu – Se por um lado as chuvas geraram prejuízos e até tragédia no Sudoeste e também no Oeste, por outro o espetáculo proporcionado pelas Cataratas do Iguaçu ficou ainda mais encantador. As chuvas torrenciais das últimas semanas mudaram o cenário em uma das sete maravilhas da natureza. O Parque Nacional do Iguaçu, Patrimônio Mundial Natural, que abriga as Cataratas do Iguaçu, fronteira com a Argentina, registrou quinta-feira (13), a vazão de 16 milhões e 500 mil litros d’água por segundo, 11 vezes acima da média, que é de 1 milhão e 500 mil litros. O recorde registrado até hoje é de 47 milhões de litro, em junho de 2014.
Desde quinta, a expectativa era de diminuição do fluxo de água no Rio Iguaçu. Porém, a vazão deve permanecer alta nos próximos dias. Por medida de segurança, a passarela que dá acesso ao mirante da Garganta do Diabo permanece interditada. Os demais mirantes estão liberados para apreciação dos visitantes, que podem curtir o espetáculo e “tomar um banho” com as águas nas Cataratas – o maior conjunto de quedas d’água do mundo.
Um milhão
Além das águas do mês que estão tornando o atrativo ainda mais belo, nesta semana o parque registrou importante marca no total de visitantes: de 1º de janeiro a 13 de outubro, mais de 1 milhão e 30 mil pessoas já passaram pela unidade de conservação. São turistas de 142 países e representam uma recuperação na média de 70%, no comparativo com 2019, período anterior à pandemia e com a melhor visitação da história, quando superou dois milhões de pessoas.
Cataratas do Iguaçu é um conjunto de 275 quedas de água no rio Iguaçu (na Bacia hidrográfica do rio Paraná), localizada entre o Parque Nacional do Iguaçu, Paraná, no Brasil, e o Parque Nacional Iguazú em Misiones, na Argentina, na fronteira entre os dois países. A área total de ambos os parques nacionais corresponde a 250 mil hectares de floresta subtropical e é considerada Patrimônio Natural da Humanidade.
“Patrimônio Mundial”
O parque nacional argentino foi criado em 1934, enquanto o parque brasileiro foi inaugurado em 1939. Ambas as áreas de proteção têm o objetivo de administrar e preservar o manancial de água que representa essa catarata e o conjunto do meio ambiente ao seu redor. Os parques, tanto brasileiro como argentino, passaram a ser Patrimônio da Humanidade em 1984 e 1986, respectivamente. Desde 2002, o Parque Nacional do Iguaçu é um dos sítios geológicos brasileiros.
Historicamente, o primeiro europeu a achar as Cataratas do Iguaçu foi o espanhol Álvar Núñez Cabeza de Vaca, no ano de 1541. Atualmente, é o segundo local mais visitado por estrangeiros no Brasil. Em época de chuva, as Cataratas do Iguaçu chegam a ser a 3ª maior do mundo em volume de água.
As Cataratas do Iguaçu participaram da campanha mundial de escolha das sete maravilhas naturais do mundo, organizada pela Fundação New 7 Wonders. As cataratas ficaram entre as 28 finalistas da campanha, que durou até o fim do ano 2011 quando foi atingido o número de 1 bilhão de votos. No dia 31 de janeiro de 2012, o Google preparou um doodle especial em homenagem a descoberta das Cataratas do Iguaçu por Álvar Núñez Cabeza de Vaca.
Para visitar o Parque Nacional do Iguaçu é necessário adquirir o ingresso pelo site oficial, exclusivamente on-line (www.cataratasdoiguacu.com.br/ingressos), com escolha do dia e horário para o passeio. Os ingressos são limitados. Os horários de visitação são: das 9h às 16h (visitação turística); estacionamento (das 12h às 16h) e Restaurante Porto Canoas (12h às 16h).
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Usina de Itaipu aciona comissão de cheias para acompanhar rios
A Itaipu Binacional acionou a Comissão de Cheias da empresa para acompanhar a situação do Rio Paraná na região de Foz do Iguaçu. Como o Rio Iguaçu desemboca no Rio Paraná, o aumento da vazão deste afluente pode causar um efeito de represamento das águas até a barragem de Itaipu, o que tem ocorrido nesses dias.
A Itaipu está trabalhando para mitigar o efeito da elevação do Rio Iguaçu, acumulando o máximo possível a água do Rio Paraná que chega ao seu reservatório. Nesta manhã, o nível do lago era de 219,81 metros. Não há previsão de abertura das comportas.
Os níveis do Rio Paraná e a vazão no Rio Iguaçu são continuamente monitorados e avaliados pela Divisão de Estudos Hidrológicos e Energéticos da Itaipu, subordinada à Superintendência de Operação da usina, agora também discutidos na reunião diária da Comissão de Cheias, formada por profissionais, brasileiros e paraguaios, de diferentes áreas da empresa. A binacional emite boletins hidrológicos diários, que são repassados aos órgãos de Defesa Civil do Brasil e do Paraguai e podem ser consultados no link: https://www.itaipu.gov.br/sites/default/files/HIDROLOGIAPY/BH.pdf
Seis vezes mais água
As chuvas ocorridas na região sul do Brasil provocaram um aumento na vazão do Rio Iguaçu. Consequentemente, a contribuição do afluente para o Rio Paraná aumentou seis vezes, passando de 2.500 m3/s para valores de 15.000 m3/s em menos de 48 horas. Às 11h13 de quinta-feira (13), a estação da Ponte da Amizade marcava 112,85 metros (em relação ao nível do mar). Isso representa quase 12 metros acima da média. Ao longo do dia, o nível do rio deve subir ainda um metro. Segundo as previsões, essa situação afeta trechos do bairro San Rafael, em Cidade do Leste, no Paraguai. A cota de inundação é de 108,40 metros, para a passarela de pedestres, e de 112,30 metros para a rua de concreto. No lado brasileiro, a primeira estrutura a ser afetada é o porto de areia no bairro Porto Meira, mas apenas acima de 114 metros. Diante do cenário, pode haver pontos de inundação até a segunda-feira (17). No entanto, espera-se que o rio volte gradualmente aos níveis considerados normais nos próximos dias.
Foto: Edi Emerson/Cataratas do Iguaçu