BRUXELAS ? O ministro das Relações Exteriores do Reino Unido, Boris Johnson, fez um comentário que pegou mal entre os ministros da União Europeia (UE). Em tom sarcástico, ele disse em uma reunião recente que a Itália teria que oferecer um acordo de livre comércio se quisesse continuar a vender os seus proseccos para os britânicos após o Brexit. E não demorou para que um dos ministros que cuidam da economia italiana logo viesse a público para reclamar do que considerou um insulto ao seu país. reinounido
? Ele basicamente disse: “Eu não quero a movimentação livre de pessoas mas eu quero um mercado único”? disse o ministro italiano Carlo Calenda à “Bloomberg”. ? Eu respondi: “De jeito nenhum”. E ele disse: “Você venderá menos proseccos“. Eu disse: “OK, você vai vernder menos peixe e batatas a 27 países, e eu menos proseccos para um país”. Colocar as coisas nesse nível é um pouco insultante.
E o ministro italiano ainda criticou toda a abordagem do governo britânico para conduzir a saída do Reino Unido da UE, aprovada no último mês de junho em referendo. O gabinete da premier Theresa May vem sendo acusado de não ter uma estratégia clara e realista para lidar com a retirada sem precedentes de um país-membro do bloco, sobretudo, por conta de divisões internas.
? Há muito caos e não compreendemos qual é a posição. Este está se tornando um debate interno no Reino Unido, o que não é bom. O governo britânico precisa sentar, colocar as cartas na mesa e negociar.
O holandês Jeroen Dijsselbloem, presidente do Eurogrupo (que reúne os ministros das Finanças da UE) também não poupou o Reino Unido de uma dura crítica sobre sua atual política para a saída da UE. Ele rejeitou a intenção britânica de deixar o bloco sem perder as vantagens econômicas dos países-membros.
Embora o chanceler britânico, Boris Johnson, tenha afirmado que isso seria possível, Dijsselbloem foi taxativo: não existe acesso ao mercado único sem a livre circulação de cidadãos. O controle da imigração é um dos pontos principais do Brexit, reflexo da onda nacionalista que vem reforçando a influência da extrema-direita na Europa.
? Ele (Johnson) está dizendo coisas que são intelectualmente impossíveis e politicamente inviáveis. Ele não está oferecendo ao povo britânico uma visão realista sobre as opções disponíveis e o que pode ser alcançado ? reclamou Dijsselbloem, acrescentando que as negociações serão extremamente complexas e devem durar muito mais do que dois anos.