Cotidiano

Cerca de 2.500 voluntários dos Jogos são cortados

RIO – Pelo menos 2,5 mil brasileiros e estrangeiros foram excluídos do grupo que
irá trabalhar como voluntários do evento, depois de apresentarem algum tipo de
impedimento na ficha de inscrição. Oficialmente, os motivos alegados para o veto
são muitos: de falta de perfil para executar a função, passando pela ausência de
documentação necessária e até situações mais graves, como candidatos com
anotação criminal. Entre os candidatos foram encontrados até quem era procurado
pela polícia, com mandado de prisão expedido.

O Rio terá cerca de 50 mil voluntários na Olimpíada.
Além deles, todas as pessoas que vão trabalhar nos Jogos estão passando por
checagens dos agentes da Polícia Federal, da Interpol, da Secretaria
Extraordinária de Grandes Eventos, do Ministério da Justiça e da Abin.
Autoridades não informaram se entre os barrados há suspeitos de ligação com
grupos terroristas ou com potencial de agir como ?lobos solitários? em possíveis
ataques. jogos

AÇÃO É COMPLEMENTAR

Em nota, a Abin revelou que faz o levantamento de dados
para subsidiar o processo de credenciamento de acesso a áreas restritas. Segundo
a agência, ?a pesquisa de credenciamento de Inteligência é complementar a outras
realizadas no âmbito do Ministério da Justiça, as quais abrangem os registros de
órgãos policiais e da Justiça?.

Ainda segundo a Abin, todas as pessoas credenciadas estão
passando por checagem em bancos de dados de Inteligência do Brasil e de países
com os quais a agência mantém cooperação. As informações recolhidas são
repassadas ao Ministério da Justiça para subsidiar o processo de credenciamento.
A Abin informou que ?a consulta aos serviços de Inteligência é realizada não
apenas para fins de credenciamento, mas especialmente em ações na prevenção ao
terrorismo?.

As recentes ações terroristas na França e na Bélgica, e o ataque de Omar
Mateen, que matou 49 pessoas em uma boate de Orlando, nos EUA, levaram as
autoridades brasileiras a intensificar a vigilância e o monitoramento de
brasileiros e estrangeiros com potencial de fornecer abrigo ou apoio logístico
para grupos terroristas. São moradores do Rio, de São Paulo e de outros estados
que os setores de inteligência tratam como ?lobos solitários”. Ainda que atuando
sozinhos, teriam potencial para realizar ações terroristas, mesmo sem estarem
formalmente ligados a uma célula terrorista.

? O Brasil não tem célula terrorista atuando e não é um
alvo. Mas pode ser, sim, usado como palco de um atentado. E, para isso, grupos
terroristas podem usar uma logística existente no país, buscando pessoas
simpáticas, os “lobos solitários”? afirmou uma pessoa envolvida na segurança do
evento.

TREINAMENTO ESPECIAL

Orientados pela Abin, os responsáveis pela segurança já
estão analisando o perfil de todos que trabalharão dentro de instalações
olímpicas, nos hotéis que hospedarão delegações e até dos voluntários dos
Jogos.

? Estamos treinando funcionários de hotéis, de
aeroportos e até taxistas para que essas pessoas possam ser capazes de
identificar possíveis ameaças ? contou um agente de segurança.

A Abin listou ações executadas para evitar possíveis
ataques, como intercâmbio de informações com serviços estrangeiros, capacitação
de profissionais de setores estratégicos e trabalhos com órgãos integrantes do
Sistema Brasileiro de Inteligência (Sisbin). Há dois meses, o nível de exposição
das 205 delegações estrangeiras a ameaças de violência, terrorismo e protestos
no Brasil durante os Jogos foi avaliado pela Abin. Concluído no início de abril,
o trabalho está no ?Relatório de sensibilidade das delegações?.

Do total de delegações, 20 apresentaram níveis muito
alto ou alto, como Estados Unidos, Canadá e França. O Brasil passou a ocupar o
nível considerado alto. Trinta e oito ficaram no médio. As demais 147 delegações
estão distribuídas pelos grupos de risco baixo ou muito baixo.