NOVA YORK – Centenas de estudantes do ensino médio protestaram sob chuva na manhã desta terça-feira, em Nova York, em frente à Trump Tower, onde o presidente eleito, Donald Trump, trabalhava na formação de seu governo.
“Não à Ku Klux Klan, não aos fascistas, não aos racistas”, repetiam os estudantes, procedentes de Manhattan e do Queens, alternando os gritos com “Digam alto, digam claro, refugiados são bem-vindos aqui”.
Em Washington, algumas centenas de estudantes, também do ensino médio, marcharam pelo Mall, a esplanada gramada que vai do Capitólio até o Lincoln Memorial, rumo à Casa Branca.
Os protestos ocorrem um dia depois de centenas de estudantes deixarem as salas de aula para participar de manifestações contra a eleição de Trump em Portland, Oregon; Silver Spring, Maryland; e Los Angeles.
“Estamos mostrando às pessoas que o que Donald Trump diz e sua retórica não estão corretos mesmo que ele tenha sido eleito presidente”, disse Grace, uma estudante de 17 anos, que se identificou apenas pelo primeiro nome.
A Trump Tower tornou-se o epicentro de protestos diários desde que o bilionário venceu as eleições, há uma semana.
Grace disse que as manifestações são um lembrete às autoridades locais de que “só porque Trump foi eleito não significa que as políticas sobre as quais ele falou durante a eleição precisam avançar”.
Algumas jovens no meio da multidão gritavam “Meu corpo, minha escolha”, expondo as preocupações com possíveis recuos nos direitos das mulheres ao aborto no governo de Trump, que prometeu levar juízes defensores da vida à Suprema Corte.
Logo após assumir a Presidência, Trump terá que preencher um posto deixado vago na Suprema Corte com a morte do juiz conservador Antonin Scalia, em fevereiro passado.
O direito das americanas à interrupção da gravidez foi estabelecido em 1973, na histórica sentença da Suprema Corte sobre o caso Roe versus Wade. Se uma corte mais conservadora predominar, caberá aos estados, individualmente, decidir se vai permitir ou não a realização de abortos.
“Estando em Nova York, isso realmente não vai nos afetar, mas irá afetar muitas pessoas em outros estados que não têm o mesmo privilégio”, disse à AFP Greta, de 17 anos.
Outra manifestante declarou à AFP que espera que o sistema americano de uso do colégio eleitoral para eleger presidentes seja mudado. Trump chegou à Casa Branca ao levar a maior parte dos delegados no colégio eleitoral, mesmo que a adversária, a democrata Hillary Clinton, tenha liderado no voto popular.
Enquanto ela falava, um homem que passava pelo grupo mostrou a ela e às suas colegas o dedo do meio.
Desde a eleição de Trump, na terça-feira passada, protestos têm sido registrados em todo o país.
Dezenas de policiais montam guarda no entorno da Trump Tower, onde Trump passa a maior parte do tempo, trabalhando na composição do novo governo.