Foz do Iguaçu – As chuvas na região da fronteira do Brasil com o Paraguai e a Argentina e na bacia do Rio Iguaçu, no Paraná, devem permanecer durante toda a semana, com uma leve trégua na quarta-feira (1º). Se esse cenário for confirmado, a CEC (Comissão Especial de Cheias) da Itaipu Binacional pede que as famílias atingidas pelas inundações, especialmente do bairro paraguaio San Rafael, em Ciudad del Este, não voltem para casa até a situação se normalizar. Não há prejuízos para a operação da usina.
A CEC está mobilizada desde sábado (28) para acompanhar o aumento do volume dos Rios Iguaçu e Paraná. Na região da Ponte da Amizade, o Rio Paraná chegou a subir quase 16 metros em relação à média histórica. A cheia no local é consequência represamento causado pelo Rio Iguaçu, que recebeu chuvas intensas desde o último sábado.
Várias frentes de ajuda foram adotadas por voluntários da Itaipu. Sob a coordenação da Assessoria de Responsabilidade Social da margem direita (paraguaia), fizeram o deslocamento das pessoas atingidas para áreas seguras, em parceria com os governos locais. Cerca de 120 famílias foram atingidas no lado paraguaio do Rio Paraná. No lado brasileiro, foram afetadas as estruturas do porto de areia do bairro Porto Meira e do Iate Clube Cataratas. Uma família que vive ao lado do antigo Espaço das Américas, no bairro Porto Meira, foi removida do local. Ribeirinhos(as) estão sendo orientados sobre a situação.
Para mitigar os efeitos da elevação do Rio Iguaçu, Itaipu vem fazendo o possível para reter a maior quantidade de água que chega ao seu reservatório, que opera hoje na cota 218,99 metros acima do nível do mar. Por isso, acompanha e aguarda o recuo do pico da cheia do Rio Iguaçu para verter, o que pode acontecer a partir desta quarta-feira (1º).
Os níveis do Rio Paraná e a vazão no Rio Iguaçu são continuamente monitorados e avaliados pela Divisão de Estudos Hidrológicos e Energéticos da Itaipu, do Departamento de Operação o Sistema, agora também discutidos na reunião diária da Comissão de Cheias, formada por profissionais, brasileiros e paraguaios, de diferentes áreas da empresa. A binacional emite boletins hidrológicos diários, que são repassados aos órgãos de Defesa Civil do Brasil e do Paraguai e podem ser consultados no site da hidrelétrica (itaipu.gov.br).
Vazão das Cataratas
A intensidade das chuvas e a magnitude de sua área de extensão, por quase toda a bacia do Rio Iguaçu, são consideradas atípicas pelos técnicos da Itaipu, que acompanham a precipitação das bacias relacionadas à usina. Nos últimos três dias, algumas estações de medição, instaladas no rio Iguaçu, monitoradas por Itaipu registraram valores de precipitação que superaram os 280 milímetros.
Nas Cataratas do Iguaçu, o volume de água ultrapassou 21 mil metros cúbicos de água por segundo, às 14h40 de ontem. O montante representa 14 vezes a vazão média registrada no atrativo ou 24,2 milhões de litros por segundo. De acordo com o Parque Nacional do Iguaçu, é a maior vazão dos últimos 9 anos. A vazão média normal é de 1,5 milhão de litros por segundo. A menor observada foi durante seca em abril de 1979 com 100 mil litros por segundo. A maior de 46,3 milhões de litros por segundo em 2014. No Super El Niño de 1983, a medição indicou 35 milhões de litros por segundo. Por medida de segurança, apenas a passarela que dá acesso ao mirante da Garganta do Diabo segue interditada.
Foto: Leonel Alves/Urbia /PNI