WASHINGTON ? Já nos primeiros dias do governo de Donald Trump nos EUA, elevam-se as expectativas sobre a proposta do presidente de transferir a embaixada americana em Israel de Tel Aviv para Jerusalém. O secretário de imprensa de Trump, Sean Spicer, afirmou que o governo ainda está nos estágios iniciais de uma discussão sobre a possibilidade de realocação da embaixada. A declaração veio apenas algumas horas antes do novo presidente conversar por telefone com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, e pode indicar que levará certo tempo até que sejam divulgados mais detalhes sobre a possível mudança.
“Estamos nos estágios iniciais de até mesmo discutir este assunto” disse Spicer, segundo um correspondente da rede “CBS” na Casa Branca.
Um canal de televisão israelense, por outro lado, disse que a Casa Branca poderia anunciar na segunda-feira a mudança da embaixada. A transferência para Jerusalém poderia soar como um passo provocativo, uma vez que israelenses e palestinos a consideram como sua capital. A cidade é foco de altas tensões na região, com uma intensa e antiga disputa pelo território.
Em sua campanha, Trump repetiu diversas vezes que pretendia realocar a embaixada dos EUA para Jerusalém. No entanto, foi repetidamente alertado de que a mudança violaria a legislação internacional e poderia destruir o processo de paz na região.
Algumas semanas atrás, palestinos lançaram uma campanha diplomática e midiática contra a mudança da embaixada. O presidente palestino, Mahmoud Abbas, comentou o tema diversas vezes, dizendo que os palestinos não reagiariam violentamente à mudança, mas usariam canais legais e diplomáticos para lidar com o assunto. Além disso, enviou uma carta a Trump com um pedido para que a embaixada não fosse transferida, uma vez que este passo poderia devastar o processo de paz.
No início de janeiro, fontes do governo americano e do Ministério das Relações Exteriores disseram que o embaixador dos EUA poderia ser enviado a Jerusalém. A embaixada oficial, no entanto, continuaria em Tel Aviv.
Neste domingo, Trump, empossado na última sexta-feira, e o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, deverão conversar pelo telefone. Após anos de tensão com a Casa Branca, um vez que o ex-presidente Barack Obama marcou forte oposição à colonização, Israel vê no novo governo republicano uma chance de melhorar a relação com os EUA.
‘TIRO DE LARGADA’
A posse de Trump impulsionou o lançamento de novos projetos de colonização em Jerusalém Oriental. No primeiro fim de semana do republicano no cargo, a prefeitura israelense de Jerusalém deu a aprovação definitiva à construção de 556 casas em três bairros de colonos do leste da cidade, de população majoritariamente árabe.
Em Jerusalém Oriental, a pedido de Netanyahu e à espera da chegada de Trump à Casa Branca, foram congeladas no fim de dezembro as autorizações de construção de casas, segundo autoridades. Meir Turjeman, presidente da comissão de construção e planejamento da prefeitura de Jerusalém, disse que estas casas serão construídas agora nos bairros de colonos de Pisgat Zeev, Ramot e Ramat Shlomo.
? As regras do jogo mudaram com a chegada de Donald Trump ao poder. Não temos mais as mãos atadas, como na época de Barack Obama ? afirma Turjeman. ? Estas 566 casas são apenas o tiro de largada. Temos planos para construir 11 mil casas à espera de ser autorizados.
O prefeito de Jerusalém, Nir Barkat, declarou em um comunicado que também serão construídas 105 casas nos bairros palestinos.
? Passamos oito anos difíceis com Barack Obama, que pressionava para que as construções fossem congeladas ? declarou o prefeito.
Netanyahu comemorou a chegada ao poder de Trump, depois de ter mantido relações tensas com seu antecessor, Barack Obama. O democrata adotou tom crítico à questão das colônias, consideradas por ele um obstáculo nas negociações de paz com os palestinos. A tensão alcançou seu pico quando, em 23 de dezembro, os Estados Unidos não vetaram, pela primeira vez desde 1979, uma resolução da ONU que condenava as colônias israelenses.
Cerca de 430 mil colonos israelenses vivem atualmente na Cisjordânia ocupada e mais de 200 mil em Jerusalém Oriental, que os palestinos desejam que seja a capital do Estado ao qual aspiram.