SÃO PAULO. Condenado a nove anos e 10 meses de prisão, o pecuarista José Carlos Bumlai será submetido a perícia médica judicial nesta quarta-feira, às 7 horas, no Hospital Santa Cruz, em Curitiba. O resultado deve esclarecer sobre a real situação de saúde do empresário, que está preso no Complexo Médico Penal de Curitiba desde o último dia 6.
A perícia foi pedida pelo Ministério Público Federal depois de sucessivos recursos apresentados pela defesa de Bumlai, que pediu o retorno do empresário à prisão domiciliar, em função de problemas de saúde. Moro já havia determinado prisão domiciliar de Bumlai para tratamento de um câncer na bexiga e o benefício durou cerca de cinco meses. No dia 10 de agosto, porém, o juiz determinou que ele voltasse a cumprir prisão preventiva a partir de 23 de agosto, mas Bumlai acabou sendo internado no Hospital Sírio Libanês, em São Paulo, com quadro infeccioso. A volta dele chegou a ser adiada por duas vezes pelo juiz Sérgio Moro e a ordem acabou sendo cumprida apenas no último dia 6.
O pecuarista tem 71 anos e os advogados alegaram que a medicação para controle do câncer provoca queda na imunidade e o ambiente prisional coloca a saúde dele em risco. A defesa alegou ainda que ele colabora com a Justiça. O recurso foi negado pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região. O Supremo Tribunal Federal também negou recurso e decidiu pela manutenção da prisão preventiva.
Bumlai confessou ter retirado um empréstimo de R$ 12 milhões no Banco Schahin, para quitar uma dívida do PT. O pagamento da dívida não ocorreu e a quitação foi feita após o Grupo Schahin ter fechado um contrato de US$ 1,6 bilhão com a Petrobras.
Os procuradores do MPF afirmam que há fortes indícios de participação de Bumlai em crimes que ainda estão sendo apurados e que a prisão dele é indispensável para garantir as investigações.
O pecuarista é amigo pessoal do ex-presidente Lula. Já condenado pelo empréstimo tomado em seu nome no Banco Schahin, ele é investigado ainda, ao lado do ex-presidente, num inquérito em curso no Distrito Federal, que apura se houve tentativa de comprar o silêncio do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró. O delator Delcídio do Amaral afirmou ao MPF que Lula queria evitar que Cerveró fechasse acordo de delação premiada para proteger Bumlai, justamente devido ao empréstimo no Banco Schahin. Pagamentos feitos por Bumlai a Delcídio do Amaral comprovariam que ele fez repasses para que o ex-senador entregasse o dinheiro à família de Cerveró.