LONDRES ? Em um passo histórico, o Reino Unido notificou oficialmente nesta quarta-feira os sócios europeus sobre a decisão de sair da União Europeia (UE), um processo que testará a resistência das instituições europeias e britânicas. Em Bruxelas, o embaixador britânico na UE, Tim Barrow, entregou ao presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, a carta com a notificação oficial do Brexit. O texto assinado pela primeira-ministra britânica, Theresa May, invoca o Artigo 50 do Tratado de Lisboa, que dá início ao histórico divórcio com o bloco europeu. Brexit
Redigido curiosamente por um diplomata britânico, o artigo marcará o primeiro processo de saída de um Estado membro em 60 anos de História da UE, levando o Reino Unido a um rumo desconhecido e desencadeando anos de negociações incertas. O texto diz: “Todo Estado membro poderá decidir, de acordo com suas normas constitucionais, retirar-se da União”.
Minutos depois da entrega da carta, Theresa May anunciará no Parlamento britânico o início da separação. A primeira reação da UE será uma declaração à imprensa do presidente do Conselho Europeu em Bruxelas.
Antes de entregar o documento a Tusk, Barrow participou de uma reunião de embaixadores do bloco. De acordo com uma fonte diplomática, ele abandonará os colegas sem participar de um almoço previsto.
Ao final de dois anos de negociações, o bloco perderá um membro do Conselho de Segurança da ONU e potência nuclear, mas o Reino Unido pode ficar sem a Escócia e a Irlanda do Norte, caso o descontentamento dos países com o Brexit resulte em independência.
Antes de assinar a carta, a primeira-ministra britânica telefonou na terça-feira para Tusk, para o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, e para a chanceler alemã, Angela Merkel.
“Concordaram que uma UE forte beneficiaria todos e que o Reino Unido continuará sendo um aliado próximo”, informou Downing Street.
“Também concordaram sobre a importância de entrar nas negociações com um espírito construtivo e positivo, e sobre a necessidade de garantir um processo de saída tranquilo e organizado”, acrescentou a fonte.
A assessoria da primeira-ministra também publicou partes do discurso que ela pretende pronunciar na quarta-feira diante dos deputados britânicos, quando anunciar a ativação oficial do Brexit.
“Quando me sentar à mesa de negociação durante esses próximos meses, representarei todas as pessoas do Reino Unido – os jovens e os idosos, os ricos e os pobres (…) – e também os cidadãos europeus que transformaram este país em sua casa”, declarará, segundo Downing Street.
“Todos queremos viver em um Reino Unido realmente mundial que sai e constrói relações com seus velhos amigos e seus novos aliados em todo o mundo”.
Para tentar unir seu país, dividido desde o referendo de 23 de junho em que a maioria votou a favor do Brexit, May quer concentrar-se no futuro:
“O nosso voto no referendo já não deve mais nos definir, e, sim, a determinação de transformar esse resultado em um sucesso. Somos uma grande união de pessoas e de nações com uma história da qual podemos nos orgulhar e um futuro brilhante”, insistirá.
A ativação oficial do artigo 50 do Tratado de Lisboa nesta quarta-feira abrirá dois anos de negociações para determinar as condições do Brexit. Info – linha do tempo brexit