Cotidiano

Brasileira vence concurso internacional de miss transgênero

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BARCELONA ? A brasileira Rafaela Manfrini foi coroada Miss Trans Star International, o maior concurso de beleza para transgêneros da Europa, realizado na cidade espanhola de Barcelona, no último sábado. A disputa contou com a participação de 28 concorrentes de diversos países, e Rafaela superou a favorita Tallen Abu Hama, competidora por Israel.

Nascida em São Paulo, Rafaela espera que seu triunfo possa inspirar outras transgêneros e transexuais que se sentem marginalizadas e discriminadas. Na cidade onde nasceu, ela se tornou uma maquiadora bem sucedida, mas agora quer estudar Moda e ajudar outras pessoas.

? Quero dar voz a todas que não têm voz ? disse a miss, em entrevista ao jornal espanhol ?El Mundo?. ? Espero que me vejam e pensem que se vocês lutarem por um sonho, podem alcançá-lo. Com trabalho, com determinação. Quero que saibam que sim, vocês podem.

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Além de celebrar a beleza, o Miss Trans Star International serve como plataforma para denunciar a discriminação contra a comunidade LGBT. Esta foi a quinta edição do concurso, realizado pela primeira vez em 2010. A América Latina, lar de 79% das 269 transgêneros assassinadas no ano passado, segundo dados do projeto Trans Murder Monitoring, teve o maior número de participantes.

A organizadora Thara Wells, modelo na Espanha, destaca que o concurso dá ?mais visibilidade para a comunidade transexual lutar por direitos iguais?. O Miss Trans Star International é aberto para transgêneros e transexuais entre 18 e 35 anos, de qualquer país do mundo.

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Pela primeira vez, o concurso atraiu participantes do Egito, Turquia, Sri Lanka e Nigéria, países onde a população gay e transgênero não possui proteções legais. A Miss Nigéria, que participou usando o nome Miss SaHHara para evitar perseguições, teve que fugir do país africano após tentar tirar a própria vida e ser espancada na rua por usar um lenço feminino.

? Nós precisamos apenas da chance e do direito de sermos nós mesmas e sobreviver. Infelizmente, isso não é permitido no meu país ? disse ela. ? Eu quero voltar para a Nigéria no próximo ano e tentar ensiná-los que ser transgênero é algo normal. Nós temos sangue em nossas veias e somos seres humanos.