MADRI ? O Brasil está recuperando a confiança dos mercados e precisa de um governo que tenha base no Congresso para aprovar as reformas econômicas necessárias para sair da recessão, na avaliação de Alejandra Kindelán, diretora de estudos e políticas públicas do Santander. Se seguir neste caminho, o país poderá chegar em 2019 com crescimento de 3% e inflação de 4,5% ao ano nas previsões da executiva.
? Sabemos que o país está em recessão. O país precisa de um governo capaz de fazer as reformas necessárias e que tenha uma base no Congresso para aprovar essas reformas ? disse Alejandra no XV Encontro Santander América Latina, em Madri. ? A recente apreciação do real é um sinal de confiança.
Perguntada se uma eventual volta da presidente afastada Dilma Rousseff mudaria esse cenário, Alejandra evitou citar nomes. Disse apenas que o limite para gastos públicos, a reforma da previdência e as privatizações são medidas que colocarão o Brasil na rota do crescimento. Esta é a agenda do presidente interino Michel Temer (PSDB-SP).
Alejandra não fez previsões de curto prazo para o crescimento dos países individualmente na América Latina. Previu que a região como um todo vai ter uma retração de 0,5% em 2016, voltando a crescer em 2017, quando o banco estima alta de 1,5% do PIB.
Para Rebeca Grynspan, secretária-geral da Secretaria Iberoamericana, que também esteve no evento nesta quarta-feira, a situação econômica no Brasil e na Venezuela puxam a média de crescimento da América Latina para baixo. Excluindo os dois países, a região cresceria 2% a 3% este ano.
? Brasil e Venezuela puxam a média (do PIB regional) para baixo. Não há uma crise generalizada na América Latina ? disse Rebeca.
Alejandra, do Santander, também prevê que a China manterá crescimento sustentável de 6,5% ao ano e que vai liderar o crescimento das economias emergentes no período de 2016 a 2018. Neste triênio, o crescimento dos emergentes deve ser de 4,5% ao ano, enquanto as economias avançadas devem avançar ao ritmo de 1,9% ao ano.
Ela destacou o caso dos Estados Unidos, cujo crescimento deve ser centrado no consumo e investimento no setor imobiliário residencial. A expansão da economia americana deve ficar entre 2% e 2,5% ao ano entre 2016 e 2017. No caso da zona do euro, a executiva prevê alta do PIB de 1,5% em 2016, mas desaceleração, para 1,2% em 2017, com o efeito Brexit:
? Acreditamos que o efeito Brexit será moderado. Mas haverá efeito sobre a economia da região.
(*A repórter viajou a convite do Santander)