BRASÍLIA – Dois dias após divulgar nota oferecendo ajuda do Brasil para que a Venezuela saia da grave crise econômica e social pela qual o país passa, o ministro das Relações Exteriores, José Serra, afirmou que há uma situação de desrespeito aos direitos humanos no território vizinho. O assunto foi discutido nesta quarta-feira com o chanceler paraguaio, Eladio Loizaga.
— Brasil e Paraguai acompanham com preocupação a crise na Venezuela, inclusive a deterioração das condições da economia, o desrespeito aos direitos humanos e a situação de carência que se estende inclusive a medicamentos — afirmou Serra, completando que o objetivo é preservar a democracia: — Estamos dispostos a contribuir, sempre com o intuito central de preservar a democracia e ajudar no alívio do sofrimento da população.
Na última segunda-feira, Serra informou que as autoridades brasileiras estão dispostas a doar medicamentos básicos, produzidos por laboratórios públicos, aos vizinhos venezuelanos. Hoje, ressaltou que essa ajuda se daria preferencialmente por meio de organizações internacionais.
A viagem de Loizaga a Brasília foi a primeira visita oficial de um chanceler estrangeiro após o afastamento de Dilma Rousseff da Presidência. Em seu discurso, Loizaga indicou apoio paraguaio ao presidente interino, Michel Temer, com que esteve mais cedo, acompanhado de Serra.
— Estou aqui à convite do chanceler José Serra. Nossos países são vizinhos, irmãos. Estou em Brasília para expressar nosso desejo de seguir aprofundando as nossas relações. Estamos plenamente consubstanciados com tudo o que implica o estado de direito, tudo que implica o respeito aos direitos humanos. Estamos aqui para seguir trabalhando juntos — afirmou o paraguaio.
— Essa é a primeira visita de um ministro de relações exteriores que recebemos no governo Temer. Esta é uma circunstância que mostra bem a relação entre Brasil e Paraguai — disse Serra.
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Serra e Loizaga firmaram dois acordos de cooperação internacional: para a construção de uma nova ponte entre os dois países – entre as localidades de Porto Murtinho (Mato Grosso do Sul) e Carmelo Peralta (Paraguai) – e a ampliação das linhas de transporte aéreo de passageiros e de cargas.
Os ministros também discutiram o acordo comercial entre Mercosul e União Europeia. Eles não entraram em detalhes sobre as conversas, mas afirmaram que estão dedicados ao andamento do tratado.
— Vamos trabalhar intensamente para chegar a um acordo equilibrado e vantajoso. Insisto no termo equilibrado porque a União Europeia tem muitas restrições ao livre comércio — disse Serra.
— O Mercosul tem hoje uma relação melhor com o exterior. Vamos avançar nas negociações com a União Europeia, mas não será fácil — completou o ministro paraguaio.
*Estagiário sob supervisão de Eliane Oliveira
