Cotidiano

Braço-direito da prefeita de Roma é preso sob suspeita de receber propina

Italy Mayoral Elections

ROMA ? O próximo aliado da recém-empossada prefeita de Roma, Virginia Raggi, foi preso nesta sexta-feira por suspeita de corrupção. Um antigo braço-direito na Prefeitura, Raffaele Marra teria recebido propina do empreiteiro Sergio Scarpellini, que também foi detido na mesma investigação. A história teria acontecido durante o mandato do prefeito Gianni Alemanno, entre 2008 e 2013, em que Marra já era um homem de confiança do então prefeito; no entanto, é um golpe para a prefeita, cuja legenda, o Movimento Cinco Estrelas (M5S), investe em um forte discurso antissistema e anti-corrupção.

O caso vem com um tom especial de constrangimento para Raggi, porque ela o defendeu enquanto muitos ? incluindo Beppe Grillo, o fundador do M5S ? pediam a sua demissão. A polêmica começou quando a revista ?L?Expresso? relatou manobras nada transparentes no governo de Roma: Marra seria, na verdade, quem comandava a Prefeitura embaixo dos panos, por conta da falta de experiência da prefeita, uma jovem advogada que chegou ao poder em junho deste ano.

As acusações contra Marra incluem recebimento de propina por Scarpellini ? que seriam comissões da sua construtora ? e tráfico de influência, uma vez que ele teria comprado imóveis por preços muito abaixo do mercado com a sua esposa. De acordo com a revista italiana, ele obteve em 2010 um desconto de quase meio milhão de euros na compra de um apartamento de propriedade de um dos grupos sócios de Scarpellini. Além disso, o empreiteiro é proprietário de edifícios alugados diretamente pela Prefeitura de Roma cujos contratos chegam a valores milionários.

E os escândalos se estendem até Milão, no Norte da Itália. O prefeito da cidade, Giuseppe Sala, suspendeu o seu próprio mandato após virar alvo de investigação em um caso de corrupção durante sua gestão como comissário da Expo2015. Ele é acusado de favorecer algumas empresas na adjudicação das obras do evento, uma grande exposição que durou meses e reuniu pessoas do mundo inteiro em Milão.

As histórias envolvendo as prefeituras de duas das mais importantes cidades italianas vêm pouco depois de a Itália ter se visto diante de um momento de alta instabilidade política. No início do mês, o então premier Matteo Renzi foi derrotado em um referendo para votar sua proposta de reforma constitucional e, por isso, renunciou ao cargo. Depois de alguns dias, o presidente Sergio Mattarella indicou o novo primeiro-ministro, Palo Gentiloni, que deverá guiar o país à formação de um novo governo. São esperadas eleições antecipadas para o ano que vem, em que o M5S poderá se fortalecer politicamente.