RIO – A febre amarela já pode ter começado a contaminar humanos na Bahia: segundo a Secretaria da Saúde do Estado (Sesab), há três casos suspeitos da doença, na cidade de Teixeira de Freitas, enquanto dois casos anteriormente investigados foram descartados. Os números divergem do que foi divulgado pelo Ministério da Saúde, que contabiliza sete notificações de suspeitas da doença em três municípios baianos ? dos quais uma já estaria confirmada.
Já no Espírito Santo, o primeiro caso suspeito de febre amarela foi confirmado. A assessoria de imprensa da Secretaria de Estado da Saúde do Espírito Santo (Sesa) não divulgou a localidade do paciente. Há no estado outros 18 casos suspeitos sendo investigados, sendo um óbito.
Minas Gerais é a região brasileira mais atingida pelo surto: segundo o Ministério da Saúde, são 391 casos suspeitos em 39 municípios, com 58 deles já confirmados. Dentre os confirmados, 31 levaram a óbitos. Outras 52 mortes suspeitas ainda estão sendo investigadas.
O estado de São Paulo já tem mortes confirmadas por febre amarela: três, nas cidades de Américo Brasiliense, Batatais e Santana de Parnaíba. Há ainda a suspeita de 10 casos e um óbito.
Os governos federal e estadual estão reforçando a vacinação, sobretudo em áreas rurais, onde a febre amarela vem se alastrando. No entanto, especialistas apontam que a imunização deve ser mais ágil. Em entrevista ao GLOBO publicada nesta terça-feira, o virologista Luiz Tadeu Figueiredo alertou:
? O que sabemos é que é preciso vacinar muito e logo. Para contrair febre amarela silvestre no Brasil, uma pessoa precisa ter duplo azar. O primeiro é não ser vacinada. O segundo é ser picada por um mosquito que picou um macaco doente. Infelizmente, esse tipo de azar não é raro. E é previsível. Temos uma forma de proteção eficiente, a vacina ? afirmou Figueiredo, professor titular de Doenças Infecciosas e Tropicais e coordenador do Centro de Pesquisa em Virologia na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo.
A febre amarela é transmitida por um vírus através de um ciclo que envolve macacos, mosquitos e humanos. Em áreas de mata, os primatas costumam ser os hospedeiros do vírus, transmitidos a humanos pelos mosquitos Haemagogus ou Sabethes. No entanto, caso alguma pessoa infectada se desloque para a cidade, poderá transmitir o vírus após a picada do mosquito Aedes aegypti, bem adaptado ao ambiente urbano e também vetor da dengue, zika e chicungunha.