SÃO PAULO – Sem o apoio de todos os movimentos que são a favor do impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff e com um público visivelmente menor do que nos últimos atos, grupos contra o PT se reuniram na Avenida Paulista, região central de São Paulo, na tarde deste domingo. Além de pedir a saída de Dilma e a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o protesto foi uma exaltação do juiz federal Sérgio Moro, responsável pelos processos da Operação Lava-Jato. Até as 17h, nem organizadores nem Polícia Militar haviam divulgado estimativas de público.
Bonecos que representam o juiz de primeira instância como um super-herói, com capa e símbolo no peito, eram vendidos por R$ 10, assim como representações de Lula e Dilma usando roupas de presidiários. Por volta das 16h45, do alto do trio elétrico do movimento Vem Pra Rua, o principal organizador do ato, um manifestante puxou um “Parabéns a você” para Moro, dizendo que o magistrado faria aniversário na segunda-feira. Ele também armou um coro de “Moooroooo” que, segundo ele, deve “ser cantado durante as Olimpíadas”.
Em outro trio elétrico, do movimento Revoltados Online, um grupo de cerca de 100 pessoas vibrava com o enchimento de quatro bonecos infláveis gigantes. Além de representações de Lula e Dilma, apelidados pelo movimento como “Pixulexo” e “Bandilma”, havia versões de plástico do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, e do presidente do Senado, Renan Calheiros. Cada boneco, inclusive, tem sua própria música. A do “Canalheiros” dizia: “Quero acabar com a Lava-Jato; Para defender meu rabo rasgo a Constituição”.
Outro grupo de pessoas vestidas com roupas verde e amarelas se reunia em frente a um trio elétrico comandado pelo ator Alexandre Frota. Em meio a xingamentos aos “políticos corruptos”, pedidos para Lula ir para a cadeia e defesa de bandeiras conservadoras, Frota chamou ao palco uma representante da associação de bairro do Morumbi, reduto de alto padrão da capital paulista e que, nas palavras do ator, “é um dos bairros de São Paulo que mais vem sofrendo com assaltos e crimes bárbaros”. O deputado federal Eduardo Bolsonaro também discursou e disse que não é por ser contra o Bolsa Família que não gosta de pobre.
Assim como ocorreu em outros protestos a favor do impeachment da presidente Dilma, grupos em cima de dois caminhões de som defendiam intervenção militar para uma plateia pequena. Outro carro cobrava o direito de andar armado, enquanto pessoas ligadas a maçonaria e a uma associação de médicos discursavam pelo fim da corrupção. No chão, simpatizantes da ideologia da “Tradição, Família e Propriedade” (TFP) entregavam folhetos com uma imagem de Nossa Senhora Aparecida ao som do Hino à Bandeira tocado em uma gaita de fole.
Se em outros protestos a favor do impeachment de Dilma, os manifestantes ocuparam toda a Avenida Paulista, neste domingo dividiram espaço com artistas de rua, ciclistas, skatistas e vendedores ambulantes que costumam tomar a avenida aos domingos, desde que a Prefeitura decidiu proibir o tráfego de veículos na via para atividades de lazer. Entre as ruas Ministro Rocha Azevedo e da Consolação, por exemplo, quase não havia sinais dos manifestantes, embora a rua também estivesse cheia de gente.