Cascavel – Um novo caso de violência e morte dentro de uma escola retoma o alerta e a preocupação relacionada a segurança no ambiente escolar. O caso ocorreu na manhã de ontem (19) no Colégio Estadual Professora Helena Kolody, em Cambé, região Norte do Paraná. Um ex-aluno do colégio adentrou o colégio alegando que solicitaria seu histórico escolar, porém, ele estava armado e disparou contra duas pessoas. Uma aluna de iniciais K.V.A, de 17, anos morreu no local após se atingida por um disparo. Outro adolescente, de 16 anos, com iniciais L.A, também foi baleado e está internado no Hospital Universitário de Londrina, em estado gravíssimo.
O atirador, identificado pela Polícia Militar como sendo Marcos Vinícius da Silva Damas, de 21 anos, foi rendido e preso ainda dentro da escola, logo após o ataque. Ainda conforme a Política Militar, o rapaz portava uma machadinha e uma pistola, além de um carregador e munições.
Segunda vítima
Na manhã desta terça-feira (20), a Polícia Militar confirmou a morte do segundo jovem ferido no ataque. Ele estava internado no Hospital Universitário, em Londrina, mas infelizmente não resistiu aos ferimentos e entrou em óbito.
Tudo planejado
Em entrevista coletiva, ainda ontem, o secretário de Estado de Segurança Pública, Hudson Teixeira, disse que o atirador planejava o ataque desde 2020, em busca de vingança por ter sofrido bullyng quando estudava no colégio Kolody. Segundo o secretário, o objetivo do atirador seria de atingir o maior número de vítimas e que não tinha vínculo com as vítimas. “O indivíduo tinha bastante lucidez dos passos que pretendia realizar no planejamento desse crime. Ele alega que foi vítima de bullyng em 2014 e, de lá para cá, vem potencializando essa raiva e toda essa mágoa”, disse o secretário.
Em Rolândia
A reportagem do Jornal O Paraná teve acesso a informação “exclusiva” de que o atirador já havia sido detido na cidade de Rolândia por tentar atacar um aluno com uma faca, em outubro de 2022, em outro colégio estadual. Segundo o relatório da Polícia Militar do ano passado, o caso aconteceu no período de saída dos alunos, no qual Marcos entrou no pátio, se aproximou de um aluno e desferiu golpes de faca que não chegaram a atingir o colega.
À época, o rapaz foi identificado e a diretora do colégio disse que se tratava de um aluno problemático. A Polícia identificou o agressor, mas no momento da abordagem nada de ilícito foi encontrado em posse dele. O jovem, então, foi encaminhado para delegacia, aonde o delegado determinou que fosse feito termo circunstanciado por ameaça e foi liberado.
Terceiro ataque
O caso de Cambé é o terceiro ataque com mortes em instituições escolares do país neste ano. Desde janeiro, pelo menos seis pessoas morreram em razão de atos violentos praticados em colégios no país. Em abril deste ano, um homem invadiu a creche Cantinho Bom Pastor, em Blumenau (SC), no Vale do Itajaí, matando quatro crianças e ferindo outras três. O autor foi preso após se entregar na central de plantão policial da região. No fim de março, a professora Elizabeth Tenreiro, 71 anos, morreu após ser esfaqueada na Escola Estadual Thomazia Montoro, em São Paulo. Um adolescente de 13 anos, responsável pelo ataque, foi apreendido.
Luto oficial
O governador Ratinho Junior decretou luto oficial de três dias em razão do episódio de violência ocorrido no colégio e os secretários de Segurança Pública e da Educação se deslocaram até a cidade para prestar todo o apoio necessário à comunidade escolar. O ex-aluno já foi detido e encaminhado para Londrina. “É um dia triste para todos os paranaenses. Um dia de luto e tristeza pelo que ocorreu na escola estadual de Cambé. Também quero me solidarizar com as famílias e toda a comunidade escolar”, afirmou Ratinho Junior.
De acordo com o governador, o Estado aguarda a investigação para ver o que ocorreu. O professor que imobilizou esse ex-aluno passou por um treinamento recentemente e as forças policiais chegaram em apenas três minutos ao colégio depois do acionamento, o que evitou uma tragédia ainda maior. “Toda nossa equipe está mobilizada para buscar ainda mais segurança para os nossos alunos, professores e toda a rede estadual de ensino”, complementou.
O O Paraná entrou em contato com o Núcleo Regional de Educação de Cascavel buscando informações se a Secretaria de Estado da Educação havia repassado novas orientações sobre novos procedimentos relacionados à segurança das escolas, porém, até o fechamento desta edição não obteve confirmação.
Operação Escola Segura
Em abril, 302 pessoas foram presas ou apreendidas pela Operação Escola Segura. O balanço mais recente do governo federal aponta 2.593 boletins de ocorrência registrados, mais de mil pessoas ouvidas e 1.738 casos em investigação, além de 270 ações de busca e apreensão de armas a artefatos de grupos extremistas.
Denúncias
Após o registro de ataques a escolas nos últimos meses, o serviço Disque 100 passou a receber denúncias de ameaças de ataques a escolas. As informações podem ser feitas por WhatsApp, pelo número (61) 99611-0100. O Ministério da Justiça e Segurança Pública também dispõe de um canal para receber denúncias de violência escolar. Informações sobre ameaças de ataques podem ser feitas ao canal Escola Segura. As informações enviadas ao canal serão mantidas sob sigilo e não há identificação do denunciante.
Foto: Divulgação/PM