Cotidiano

Atingidos temem que disputa vá à Justiça

Cerca de 500 pessoas participaram de passeatas ontem em Capanema e Capitão Leônidas Marques

Capitão – Cerca de 500 pessoas participaram de passeatas ontem em Capanema e Capitão Leônidas Marques. Eles representam o Movimento dos Atingidos por Barragens e defendem famílias atingidas pelas obras da Usina Baixo Iguaçu, que afetam cinco municípios.

O protesto ocorreu depois do confronto entre agricultores e a PM, no canteiro de obras na quinta-feira que deixou três pessoas feridas e seis detidas. A polícia foi acionada para cumprir autorização de reintegração de posse após os atingidos acamparem no local e impedirem a entrada e saída de funcionários. Os atingidos temem que o processo vá parar na Justiça e que as indenizações, uma das principais cobranças, demorem anos para sair.

“A manifestação, pacífica, era para mostrar o descaso com que os agricultores são tratados e a blindagem que o governo e administrações fazem a favor da empresa. Ela não nos recebe nem firma acordo sobre as indenizações e áreas para assentamento. Temos medo de que tudo isso siga para uma instância judicial e que demore muito pare recebermos, já que esse tipo de processo não é prioridade à Justiça”, explica o agricultor Sidinei Martini.

Sidinei lembra que caso esse impasse seja solucionado apenas pelo judiciário serão necessários novos laudos das propriedades, que até lá já estarão debaixo d’água. A previsão do consórcio empreendedor é de que os alagamentos sejam concluídos até o primeiro semestre de 2017. 

Negociação

Conforme o secretário especial para Assuntos Fundiários do Paraná, Hamilton Serighelli, o clima entre o Consórcio Baixo Iguaçu, responsável pela obra, e as famílias atingidas é tenso e pede uma negociação imediata. “Estamos ajudando nas negociações tanto com os agricultores quanto com a empresa para chegar a um acordo com os atingidos”.

As famílias aguardam um posicionamento do consórcio quanto à correção no valor das indenizações em 22,59% e a aquisição de áreas para assentamento. “É preciso ressaltar que o agricultor que terá suas terras alagadas precisa ficar igual ou melhor do que estavam antes do avanço da obra. Por isso, o acordo tem que ser justo”, lembra Serighelli.  

Depois de três reuniões canceladas pela empresa, uma quarta tentativa deve ocorrer amanhã, às10h, no Palácio Iguaçu, em Curitiba. De acordo com Martini, a expectativa é de que o consórcio compareça à rodada de negociações, e aponta uma solução para este impasse.