RIO ? Na mesa de jantar, os bebês fazem mais do que brincar com pratos e talheres, eles observam atentamente o que as pessoas estão comendo e, principalmente, quem está comendo. De acordo com estudo publicado no periódico ?Proceedings of the National Academy of Sciences?, crianças de apenas um ano de idade são capazes de traçar padrões de comportamento de grupos sociais de forma sofisticada, conectando as preferências alimentares a relações culturais.
? As crianças são sensíveis aos grupos culturais desde muito cedo na vida ? disse Katherine Kinzler coautora da pesquisa e professora de Psicologia na Universidade Cornell. ? Quando os bebês veem alguma comendo, eles não estão apenas aprendendo sobre comida, mas também sobre quem como o que e com quem. A habilidade de pensar sobre as pessoas como sendo ?iguais contra diferentes?, e, possivelmente, até mesmo sobre ?nós contra eles?.
Os pesquisadores descobriram que bebês de um ano de idade esperam que as pessoas devam gostar dos mesmos alimentos, a não ser que elas pertençam a diferentes grupos sociais ou culturais, como pessoas que não se comportem como amigos ou que falem línguas diferentes.
O estudo foi conduzido com mais de 200 bebês, que no laboratório foram postos para assistir a vídeos de pessoas expressando gostar ou não gostar de determinado alimento. Quando os bebês viam duas pessoas que falavam a mesma língua ou agiam como amigos, eles esperavam que elas gostassem das mesmas comidas. Quando as pessoas mostravam inimizade ou falavam línguas diferentes, eles esperavam que elas gostassem de comidas diferentes.
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O estudo também mostrou que os bebês estão atentos ao que pode machucá-los. Se uma pessoas não gostasse de determinada comida, eles esperavam que uma segunda pessoa, independente do grupo social, também não gostasse. Isso sugere que os ?bebês estão particularmente vigilantes a informações sociais que possam sinalizar perigo?, diz o estudo.
De acordo com os pesquisadores, o estudo tem implicações para políticas públicas interessadas em alterar hábitos não saudáveis de alimentação. Segundo Katherine, campanhas podem abordar a seleção de alimentos como uma questão social, não apenas nutricional. A pesquisa também deve guiar os pais na educação alimentar dos filhos.
? Se você alimenta a sua criança com uma dieta perfeita, mas ela vê você, seus amigos e parentes comendo alimentos não saudáveis, ela está aprendendo sobre a comida pelas experiências sociais ? disse a pesquisadora.
