RIO ? O principal conselheiro do Papa Francisco sobre casos de abuso sexual assegurou nesta quinta-feira que o Pontífice está “completamente comprometido” na erradicação destas ocorrências na Igreja, mas reconheceu que o comitê de consultores do Vaticano deve se reunir novamente após a renúncia da irlandesa Marie Collins, sobrevivente de assédio por padres quando tinha 13 anos.
O cardeal americano Sean O’Malley disse em um seminário sobre a proteção de crianças que a comissão sempre defendeu a prioridade no atendimento às vítimas. Segundo ele, o envolvimento dos sobreviventes é um item crucial na agenda da comissão, que vai se reunir a partir desta sexta-feira.
? A questão-chave é: como as vítimas e sobreviventes podem continuar como uma voz poderosa em nosso trabalho e nos guiar? ? questiona.
Collins renunciou à sua vaga no comitê no dia 1º de março, criticando a “inaceitável” falta de cooperação do gabinete de doutrina do Vaticano para implementar as propostas da comissão. Sua saída feriu a credibilidade do grupo, deixando-o sem participação de sobreviventes, e levantou novamente questionamentos sobre o compromisso do Vaticano para combater o abuso sexual e cuidar de sobreviventes.
Francisco criou a comissão em 2014, em uma manifestação de “tolerância zero” contra pedófilos. No entanto, foi criticado após fazer nomeações controversas, reprovar a proposta de um tribunal para julgamento de bispos negligentes e reduzir a pena de padres já condenados.
Segundo O’Malley, há um debate sobre a punição que deve ser aplicada aos religiosos condenados ? a perda de título eclesiástico ou uma vida em penitência e oração.