Terra Roxa – Investimentos em áreas agrícolas na Costa Oeste do Paraná foram cessados pelos produtores rurais devido ao clima de instabilidade jurídica. Os agricultores conseguiram uma liminar em novembro que suspende a demarcação de terra, que apontava um estudo com 24 mil hectares para abrigar 1,3 mil indígenas, nos municípios de Terra Roxa, Guaíra e Altônia.
Mesmo com a suspensão do estudo da Funai (Fundação Nacional do Índio), o receio no campo continua grande.
Ontem, em Cascavel, durante encontro entre representantes dos agricultores no Sindicato Rural, o alerta foi declarado para que a categoria possa se precaver de todas as formas possíveis por meio de documentação. “A orientação é para que os agricultores reúnam o máximo de documentos possíveis, como histórico das áreas compradas e comprovantes da colonização. Vamos fazer um levantamento e ter tudo em mãos caso a liminar seja derrubada e o processo tenha continuidade”, disse o presidente do Sindicato Rural de Terra Roxa, Vagner José Rodrigues.
Os impactos negativos foram imediatos em toda a região oeste, após a publicação do estudo de demarcação pondo em risco a posse das áreas. Imóveis que estavam à venda tiveram desastrosa queda no preço de mercado e, mesmo assim, não há interessados em fechar negócios no momento, tamanho o receio de perder tudo.
Além disso, os agricultores que estavam preparados para investir em aviários e/ou moradias, simplesmente recuaram, e estão à espera de uma resposta por parte da Justiça.
Guaíra, Altônia e Terra Roxa são as cidades com maiores grupos de indígenas, por isso sofrem os efeitos de maneira certeira. Contudo, na região de Santa Helena estudo semelhante também está sendo feito. “Não temos o que fazer a não ser esperar e nos defender. As áreas foram colonizadas entre 1949 e 1951. Nada foi invadido. Tudo foi comprado e está devidamente documentado. No entanto, não sabemos o que pode acontecer”, desabafa Rodrigues.
Direito à propriedade
A expectativa dos agricultores é pela posse do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL), que defendeu durante a campanha eleitoral o direito à propriedade e se posicionou contrário aos processos de demarcação de áreas indígenas.
Embora o conflito seja com os indígenas, os produtores rurais defendem também que sejam preservados os direitos da etnia – que hoje estaria sendo usada como massa de manobra e também sofrendo as consequências da condução inadequada do trabalho desenvolvido pela Funai. “Estamos esperançosos em relação ao novo presidente, que também defende os direitos indígenas, porque eles também são vítimas da Funai”, finaliza o líder rural Vagner José Rodrigues.
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