PEQUIM – A Arábia Saudita decidiu suspender as importações de quatro frigoríficos brasileiros, dos quais três de frangos e um de carne bovina (que, embora certificado, nunca exportou para o país). Todos eles já estavam impedidos de vender para o exterior por determinação do governo brasileiro, já que estão entre os 21 que estão sendo investigados pela Polícia Federal na operação ?Carne Fraca?. A decisão foi anunciada pela autoridade sanitária saudita em nota. O país é o maior importador de frangos brasileiros do mundo.
Antes da restrição, havia 141 estabelecimentos habilitados a exportar carne de frango e 99 carne bovina para a Arábia Saudita. A decisão foi tomada após reuniões entre as autoridades dos dois países e videoconferência com o Secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura.
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Grandes consumidores, como China, Hong Kong e Egito ? que responderam por 44% das exportações de carne bovina em 2016 ?, suspenderam as importações por completo, incluindo carne bovina, suína e de aves.
Carne Fraca – 22.03Como a Polícia Federal não fez distinção, num primeiro momento, do tipo de carne que era alvo de investigação, vários países acabaram embargando a compra de carne bovina brasileira, mas apenas dois dos 21 frigoríficos suspeitos atuam nesse segmento. Os outros produzem frango, embutidos e até mel e equinos. A lista com os detalhes de cada unidade investigada só foi divulgada pelo Ministério de Agricultura na terça-feira, enquanto a operação foi deflagrada na sexta-feira anterior.
Um dos frigoríficos que aparecem na lista com alguma irregularidade no setor de bovinos é a Central de Carne Paranaense, em Colombo (PR), que não exporta o produto. O outro é a JJZ Alimentos, em Goiânia (GO), que vendeu produtos para ao menos oito destinos. O problema é que apenas Japão e União Europeia foram seletivos e interromperam as compras exclusivamente dos frigoríficos investigados.
Nesta quarta-feira, numa tentativa de recuperar a imagem e credibilidades arranhadas nos últimos dias, o Brasil distribuiu aos membros do Comitê de Medidas Sanitárias e Fitossanitárias da Organização Mundial do Comércio (OMC), em Genebra, comunicado em que afirma esperar que eles ?não tomem medidas que se constituiriam em restrições arbitrárias ao comércio internacional ou contra as disciplinas do acordo de SPS (de aplicação de medidas sanitárias) e outras regras da OMC?.
Na nota, o governo brasileiro busca contextualizar a operação Carne Fraca e reafirmar a qualidade da carne brasileira. Em duas páginas, o governo afirma que o foco da operação ?não é o sistema de inspeção agropecuário e, sim, desvios de conduta de alguns indivíduos?. E lista números que buscam minimizar os achados da PF.
Dos 11 mil funcionários do Ministério da Agricultura, 2.300 são fiscais que trabalham na inspeção sanitária de produtos, e, desses, 33 estão sendo investigados, diz o documento. Além disso, continua a nota, das 4.837 unidades processadoras de produtos aninais submetidas à fiscalização, 21 estão sob investigação e tiveram sua autorização para exportar preventivamente suspensa.