BOGOTÁ ? Cinco dias após a assinatura do acordo de paz entre o governo colombiano e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), celebrada na segunda-feira em uma histórica cerimônia, a guerrilha começará a entregar suas armas e se preparar para a reinserção social dos seus guerrilheiros. O grupo armado terá seis meses para concluir o processo nas suas zonas de concentração, que será acompanhado por uma missão de observadores. O pacto põe fim a meio século de conflitos no país, que deixaram mais de 260 mil mortos e milhões de deslocados.
Inicialmente, as Farc deverão fornecer as informações para identificar, registrar e coletar as armas em seu poder. Isso inclui minas ou restos de explosivos que estejam dispersos pelo país.
Armamentos serão fundidos para a construção de três monumentos, após serem retirados de acampamentos das Farc no último mês do processo. As armas consideradas instáveis, que não podem ser transportadas, serão destruídas. É neste momento que o efetivo processo de reinserção dos guerrilheiros à vida na sociedade colombiana. Os cinco próximos passos da paz na Colômbia
Na segunda-feira, a Colômbia e as Farc selaram o histórico pacto de paz para acabar com meio século de conflitos no país. O presidente colombiano, Juan Manuel Santos, e o líder máximo da guerrilha, Timoleón Jiménez (Timochenko), assinaram o acordo na cidade de Cartagena em uma cerimônia iniciada às 17h (horário local). Centenas de pessoas se reuniram para assistir ao gesto que marcou o fim de quatro anos de negociações entre as duas partes em Havana. Para ser definitivamente colocado em prática, no entanto, o texto do pacto ainda deverá ser aprovado em um referendo nacional do próximo domingo.
Cerca de 2,5 mil pessoas vestidas de branco, entre elas 250 vítimas, estiveram presentes para escutar o anúncio que, por décadas, parecia uma realidade impossível: o fim da violência entre guerrilheiros, paramilitares e agentes do Estado. Os conflitos, que duraram 52 anos, deixaram cerca de 260 mil vítimas fatais, 45 mil desaparecidos e 6,9 milhões de deslocados.
Na cerimônia, compareceram 15 chefes de Estado, incluindo o presidente cubano Raúl Castro, anfitrião das conversações de paz intermediadas também por Noruega, Venezuela e Chile. Também fazem parte do evento histórico o secretário de Estado dos EUA, John Kerry, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, o rei emérito da Espanha, Juan Carlos, e vários representantes de organizações internacionais.
No discurso, Santos lembrou que ?trocar as balas por votos, as armas por ideias, é a decisão mais valente que pode tomar qualquer grupo subversivo?. E pediu que o acordo de paz seja abraçado por todos os colombianos ? incluindo “céticos e entusiastas” ? no campo e nas cidades do país.
? Membros das Farc, hoje, quando empreendem seu caminho de volta à sociedade, quando começam seu trânsito para se converter em um movimento político sem armas, seguindo as regras da justiça, verdade e reparação contidas no acordo, como chefe de Estado desta pátria que todos amamos, lhes dou as boas-vindas à democracia. Um dia com as Farc