Cotidiano

Apesar de reforma, ?túmulo de Jesus? corre risco de desmoronar

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JERUSALÉM ? Mesmo com a reforma que durou nove meses, a Edícula no centro da Basílica do Santo Sepulcro, em Jerusalém, corre risco de desmoronar. Em entrevista à ?National Geographic?, a engenheira da Universidade Técnica Nacional de Atenas e líder da equipe de restauração, Antonia Moropoulou, alertou sobre a necessidade de obras adicionais na estrutura do pequeno templo que, segundo a tradição cristã, foi construído sobre o local onde o corpo de Jesus Cristo foi colocado após a crucificação.

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? Quando acontecer uma falha, não será um processo lento, mas catastrófico ? disse Antonia.

O local é venerado desde o século IV d.C. como a tumba de Jesus. Ao longo dos anos, novas construções foram feitas sobre as mais antigas para marcar o local sagrado. Durante a restauração, os engenheiros descobriram que e Edícula e a rotunda que a cerca, que atraem milhões de fieis todos os anos, parecem ter sido construídas sobre uma fundação instável de restos de estruturas anteriores, perfuradas por túneis e canais.

O risco de desmoronamento está, portanto, relacionado à própria riqueza histórica. Os arqueólogos acreditam que há cerca de 2 mil anos, o local era uma pedreira de calcário que seria de túmulos para a alta classe judaica. Pelo menos seis criptas já foram identificadas no terreno da basílica, além da tumba atribuída a Jesus.

No século II, um templo romano dedicado à Vênus foi construído sobre essa pedreira para apagar a memória de Jesus, considerado um pagão. Dois séculos depois, o imperador Constantino acabou com a época de perseguição aos cristãos, e o templo foi demolido para dar lugar à Basílica do Santo Sepulcro. No século VII, parte da estrutura foi destruída pelos persas e, em 1009, pelo Califado Fatímida.

A igreja foi reconstruída na metade do século XI. Depois disso, a Edícula foi alterada pelos cruzados e restaurada nos séculos XVI e XIX. Os pesquisadores acreditam que a rotunda ao redor da Edícula marca a igreja original construída por Constantino, e possivelmente o templo romano que a procedeu.

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REFORMAS REALIZADAS NA EDÍCULA

Durante a recente restauração, concluída na semana passada, os engenheiros analisaram o solo que sustenta a estrutura e revelaram riscos para a estabilidade de toda a área avaliada. Com radares de penetração do solo, câmeras robóticas e outras ferramentas, os pesquisadores descobriram que parte da fundação da Edícula é sustentada por escombros de outras construções.

Outras partes repousam diretamente sobre o terreno pedregoso, bastante inclinado. A argamassa da fundação desmoronou por causa de décadas de exposição à umidade dos canais de drenagem que correm abaixo do piso da rotunda.

Outros túneis ainda sem explicação passam diretamente e em volta da Edícula. Um trincheira com cerca de dois metros de profundidade, escavada por arqueólogos na parte sul do santuário na década de 1960, fica abaixo de uma laje de concreto sem suporte onde os visitantes formam filas para visitar o túmulo. Muitos dos pilares de 22 toneladas que sustentam a cúpula da rotunda foram erguidos sobre uma camada com espessura de um metro de escombros não consolidados.

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As reformas na Basílica do Santo Sepulcro precisam de um acordo entre as três maiores denominações cristãs ? greco-ortodoxos, armênio-ortodoxos e católicos romanos ? que dividem o controle do santuário. As obras na Edícula, um pequeno templo no centro da rotunda, só foram permitidas após autoridades de Israel proibirem as visitações por questões de segurança, em 2015.

Os engenheiros da universidade grega trabalharam no reforço das paredes da Edícula, no ancoramento das colunas com hastes de titânio e na recolocação de argamassa na alvenaria. Um sistema de ventilação foi instalado, em parte para aliviar o calor, mas também para proteger a construção da fuligem de milhares de velas. Vigas que haviam sido erguidas em 1947 foram retiradas. O custo total foi de aproximadamente 3,5 milhões de euros.

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PROJETO PARA NOVAS OBRAS

Para resolver o risco de colapso estrutural da basílica, os engenheiros orçaram um projeto que levaria dez meses para ser concluído, ao custo de 6 milhões de euros. As obras envolveriam a remoção do piso de pedra rachado ao redor da Edícula, a injeção de argamassa nos escombros que sustentam a fundação e a instalação de um novo sistema de drenagem das águas da chuva e do esgoto.

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E as novas obras abririam novas oportunidades para os arqueólogos.

? Este é um dos locais mais complexos para a arqueologia e um dos mais sagrados do mundo ? disse Martin Biddle, especialista na história da Edícula.

De acordo com Biddle, existem ?quatro ou cinco grandes camadas arqueológicas? sob a Edícula, e qualquer exposição dos níveis abaixo do piso garantiria acesso a pesquisas científicas. Segundo o especialista, um processo de restauração, sem escavação arqueológica, seria um ?escândalo intelectual?.

O relatório foi entregue às lideranças das três denominações cristãs, que irão decidir se novas intervenções serão realizadas. Os dados coletados pelos pesquisadores da universidade grega estão sendo compilados para serem disponibilizados para outros pesquisadores, numa plataforma aberta.

? Este trabalho é coletivo ? disse Antonia. ? Ele não pertence a nós, pertence à Humanidade.