Cotidiano

Apesar de acordo, número de indígenas aumenta 50%

Santa Helena – A vinda do assessor especial para Assuntos Fundiários do governo do Estado, Hamilton Serighelli, ontem, a Cascavel, para uma audiência com o indigenista e vereador Paulo Porto (PCdoB), indicava que um dos assuntos em pauta seria uma intermediação de Porto na negociação para a relocação de índios que estão em cinco áreas invadidas em Santa Helena para aldeias demarcadas na região. Como o vereador estava em sessão, o encontro não ocorreu, relatou a assessoria do parlamentar, mas a situação gera um novo alerta ao Município da Costa Oeste.

A maioria das invasões – quatro delas – é em área de preservação ambiental e de responsabilidade da Itaipu Binacional e a quinta, onde está a base náutica, pertence ao Estado do Paraná.

Há cerca de dois meses, quando a Secretaria de Assistência Social de Santa Helena fez um cadastramento, havia 141 adultos e crianças vivendo nesses espaços, mas a chegada de novos índios tem preocupado autoridades locais e hoje já se estima que o número tenha aumentado em quase 50%, ou seja, hoje já estão nas áreas mais de 200 indígenas em condições limitantes e sem a possibilidade de assistência, justamente por se tratarem de espaços invadidos, onde o poder público fica impedido de realizar investimentos como saneamento básico e construção de escolas.

O assunto começou a ganhar corpo no início deste ano e tem colocado produtores rurais em alerta extremo por acreditarem que possa haver invasões de áreas produtivas, a exemplo do que acontece em municípios como Guaíra e Terra Roxa. “Tem produtor que nem dorme direito, fica vigiando a área o tempo todo”, disse o presidente do Sindicato Rural, Flávio Back, em maio.

Impasse sem data para ser resolvido

Desde março algumas reuniões vêm sendo realizadas no Município para tratar desses assuntos, inclusive chamando para o debate os líderes das aldeias. Entre as preocupações amplamente tratadas é a dificuldade de assistência, além da chegada desenfreada de indígenas, ninguém sabe exatamente de onde.

Há dois meses a proposta feita aos indígenas em Santa Helena foi a de serem reacomodados em aldeias como em Diamante D’Oeste e São Miguel do Iguaçu até que novas áreas possam ser destinadas ao grupo. O assunto encontrou resistência entre indígenas de todos os lados, mas ficou acordado que seriam realizadas reuniões com os líderes de todas as aldeias. O assunto não ganhou desfecho até o momento, apesar de um encontro fechado ter sido realizado no mês passado em Diamante D’Oeste.

No encontro aberto realizado em abril na Prefeitura de Santa Helena, quando produtores foram com tratores até o Paço pedir uma solução relatando o receio de invasão de áreas produtivas, ficou acordado com os caciques que não seria aceito que outros indígenas chegassem às áreas invadidas.

Ocorre que dos cinco espaços, só em um foi possível observar que o acordo vem sendo cumprido, no que fica próximo à base náutica.

Segundo a Secretaria de Assistência Social do Município, quase que semanalmente são feitos levantamentos nas escolas e em todos eles se observa novos indígenas frequentando as aulas. O levantamento não é oficial, mas a secretaria estima que o número de indígenas vivendo no Município já tenha passado de 200.

Ainda no encontro em maio se discutiu a possibilidade de o Estado fornecer uma área para acomodação dos indígenas em Santa Helena, situação não confirmada pelo governo do Paraná, tendo em vista que questões envolvendo indígenas são de responsabilidade da União. A reportagem tentou contato ontem com Hamilton Serighelli, mas ele não atendeu às ligações.