Cascavel – O aumento no preço do diesel anunciado na sexta-feira (31) chegou ontem às bombas. Esse é o primeiro reajuste desde maio, após a greve dos caminhoneiros. A alta desanimou os profissionais, principalmente os autônomos, que dizem que a profissão não compensa mais. “É o mesmo que ficar sem trabalhar”, afirma Luiz Carlos Cristo.
Caminhoneiro há 20 anos, Luiz conta que antes da greve ganhava por viagem cerca de R$ 1,5 mil. Com a redução do preço do combustível, passou a ganhar um pouco mais. “Eu sabia, pela experiência, que não era possível ficar bom assim. Alguma coisa estava errada”, tenta brincar.
O autônomo, que faz trajetos dentro do Paraná e leva soja para o Porto de Paranaguá, afirma que gasta por mês cerca de R$ 20 mil de combustível e pelo menos mais R$ 10 mil de pedágio. “Isso que meu caminhão é pequeno. E, com esses gastos, e o valor do frete em baixa, não dá nem para comer”, relata.
O desânimo não é à toa. Em alguns postos de combustíveis de Cascavel, por exemplo, o aumento foi de mais de R$ 0,20 por litro. Ontem, os valores praticados iam desde R$ 3,41 até R$ 3,63 por litro do combustível.
“Estou na profissão há oito anos, já trabalhei como autônomo, mas desisti e agora atuo para uma empresa. A atividade autônoma não compensa, tudo o que você ganha fica no caminhão, em combustível e em pedágio”, relata o caminhoneiro Rogério Garcia. “Enquanto o povo continuar aceitando tudo, as coisas não vão mudar. Está mais caro, e só tende a piorar”, lamentou João Caetano, que trabalha com transporte de combustível para um posto de gasolina.
Preços
De acordo com a ANP, na semana passada, antes do acréscimo, a média de preço do óleo diesel em Cascavel era de R$ 3,25 ao consumidor, e parecido em toda a região. Em Foz, a média era de R$ 3,28. Em Toledo, R$ 3,20, o mesmo que em Marechal Cândido Rondon.
O valor se manteve desde junho quando, no Paraná, o valor médio ao consumidor era de R$ 3,20. Com o aumento dessa semana, o preço está parecido com o praticado em maio, antes da greve dos caminhoneiros, que era de R$ 3,44 em média nos postos de combustíveis.
Nova greve? Abcam diz que não
O reajuste de 13% nas refinarias do óleo diesel foi anunciado sexta-feira (31) pela Petrobras. A justificativa é o alto valor do câmbio e, consequentemente, do barril de petróleo.
Com o aumento – que elevou o preço para os mesmos níveis praticados antes da greve de maio -, os boatos em redes sociais e que chegaram aos caminhoneiros são de novas paralisações e até uma nova greve a partir desta segunda-feira.
A Abcam (Associação Brasileira dos Caminhoneiros) divulgou nota a respeito do aumento do combustível: “A Abcam, defensora dos direitos dos caminhoneiros autônomos do país e entidade responsável pelas negociações com o governo durante a paralisação geral da categoria, informa que já solicitou à Casa Civil uma audiência para tratar do referido aumento. A entidade entende que, independente do aumento do preço internacional, o governo deve cumprir a Medida Provisória nº 838/2018 e manter a subvenção de R$ 0,46 do valor do diesel até o final do ano. A Abcam se mantém vigilante no cumprimento do acordo realizado com o governo federal. A Associação, que sempre acreditou no diálogo, fará o possível para evitar uma nova paralisação”.