JACKSON, EUA – Uma argentina que foi levada ilegalmente aos EUA quando criança e regularizada pela lei do país foi detida no Mississippi após participar de um evento no qual exortou o presidente Donald Trump a proteger pessoas como ela. A detenção de Daniela Vargas, 22 anos, gerou questionamentos de senadores.
Daniela foi detida por agentes da patrulha migratória (ICE, na sigla em inglês) após fazer um discurso junto a líderes religiosos e ativistas pelos direitos civis em Jackson, no Mississippi. Ela falava em defesa dos cerca de 750 mil dreamers ? jovens que, como ela, entraram ilegalmente junto aos pais, mas tiveram vistos regularizados durante o governo de Barack Obama.
? Um caminho para a cidadania é necessário para os dreamers, mas também para as outras 11 milhões de pessoas sem documentos que sonham ? disse ela, contando que o pai e o irmão foram recentemente foram detidos e devem ser deportados.
O status legal de Daniela, renovável por dois anos, expirou em 2016, e ela estava em processo de renovação, o que inibiria uma eventual detenção. Ela, que chegou com 7 anos, já havia recebido a proteção em 2012 e 2014 e estuda numa universidade do estado.
? É muito incomum deter alguém com um pedido pendente ? disse a advogada Abigail Peterson, que ajuda Daniela.
Segundo a ICE, Daniela foi detida porque oficialmente seu status legal tinha expirado, e que um juiz determinará se ela estará sujeita a uma eventual deportação.
Mas senadores democratas não se satisfizeram com a resposta. Dick Durbin e Kamala Harris apontaram que Daniela foi encontrada pelos agentes justamente pouco após seu discurso pró-apoio federal aos dreamers.
“Preocupante que a ICe possa ter seguido-a”, destacou Durbin no Twitter.
“Falar publicamente sobre o medo de deportação não é um crime”, destacou Kamala.
Na terça-feira, Trump surpreendeu ao sinalizar que pode fazer uma reforma migratória que dê status legal a boa parte dos imigrantes ilegais que não tenham cometido qualquer crime. Ele reforçou ainda uma postura de que é a favor da concessão de cidadania aos dreamers, que até hoje só conseguem uma legalização temporária.