Cascavel – Líderes regionais voltaram menos preocupados do encontro realizado na terça-feira em Curitiba com o governador Beto Richa e representantes da Ferroeste.
O grupo temia que os estudos de viabilidade técnica, econômica e ambiental para a construção de uma nova ferrovia acabassem por isolar ou inviabilizar a Ferroeste (Cascavel a Guarapuava) beneficiando a estrada de ferro pela região norte do Paraná.
Para o presidente da Acic (Associação Comercial e Industrial de Cascavel), Edson Vasconcelos, a reunião serviu para esclarecer alguns pontos e o momento é de somar esforços em vez de dividir opiniões já que a proposta, a sair do papel em médio e longo prazos, seria excepcional para o desenvolvimento de todo o Paraná. “A Ferroeste não corre o risco de ficar alijada, o projeto está maduro e o superintendente do porto [de Paranaguá, Luiz Henrique Tessuti Dividinot] é defensor deste projeto; o presidente da Ferroeste [João Vicente Bresolin] é a favor do projeto. O núcleo duro do governo está fechado num projeto que é a salvação para o Estado, não só para o oeste”, afirma.
Líderes e gestores reconhecem que pode haver discussão judicial provocada pela empresa que hoje administra um trecho da ferrovia, a Rumo, antiga ALL (América Latina Logística), mas, segundo Vasconcelos, o “Estado está maduro e pronto para esta briga”.
O desenrolar burocrático do estudo deve ocorrer em até 60 dias – a ser lançado em setembro próximo – e os estudos devem levar em torno de dez meses. “É uma tomada de decisão de um ano para a licitação e será uma obra visando primeiro o gargalo entre Guarapuava e Paranaguá e que deverá levar de cinco ou dez anos custando cerca de R$ 6 bilhões”.
Novo trecho
Conforme o presidente da Acic, Edson Vasconcelos, o estudo que está prestes a ser lançado prevê a ferrovia passando por Cascavel chegando a Maracaju, no Mato Grosso do Sul, mas só esta análise deverá mostrar se este é o traçado mais eficiente. “Mas o mais lógico é investir primeiro no gargalo [Guarapuava a Paranaguá] porque não adianta aumentar a capacidade de transporte da Ferroeste [que no ano passado transportou 800 mil toneladas] se há gargalo a partir de Guarapuava”, afirma, ao lembrar que dali por diante são transportadas 10 milhões de toneladas, das quais 9 milhões vêm da região norte do Paraná.
Hoje, em torno de 95% da safra chega ao Porto em Paranaguá por caminhão e apenas 5% por trem. “Isso é uma inversão de valores da eficiência logística”, considera.
Considerando todos os itens, o Porto recebe 45 milhões de toneladas/ano sendo o modal ferroviário responsável apenas por 20% deste total de toneladas transportadas. A meta é chegar em 2030 as 80 milhões de toneladas de recebimento, sendo 60 milhões via ferrovia. “Se este modal não ocorrer, vamos viver um estrangulamento no transporte”, encerra.