BUENOS AIRES ? O presidente do Peru, Ollanta Humala, deixará o poder com uma imagem positiva que oscila entre 11% e 15%. Seus antecessores, Alan Garcia (2006-2011) e Alejandro Toledo (2000-2006), não chegaram a alcançar sequer 5% dos votos no primeiro turno em maio. Os três chefes de Estado que governaram o país depois da década de poder de Alberto Fujimori (1990-2000) não conseguiram fazer um sucessor, nem consolidar-se como líderes políticos. Peru_0506
Como se explica esta espécie de maldição? Para o jornalista José Alejandro Godoy, criador do blog de notícias ?Desde el tercer piso? (do terceiro andar), ?existe uma combinação de fatores, principalmente denúncias de corrupção e promessas não cumpridas?.
? Tanto Toledo, como Garcia e Humala se mostraram como candidatos de centro-esquerda, mas acabaram sendo presidentes de centro-direita.
Os três estiveram à frente do Executivo em momentos de forte expansão econômica, com o preço internacional das commodities em alta. Nenhum enfrentou crises similares às que vivem, atualmente, países como Argentina e Brasil. No entanto, deixaram e deixarão o poder com a popularidade no chão.
? Toledo foi alvo de denúncias sobre irregularidades na compra de imóveis. Garcia, acusado de indultar narcotraficantes. E Humala e sua mulher, Nadine Heredia, são investigados por supostos delitos no financiamento da campanha de 2011 ? explicou o jornalista.
Depois dos escândalos de corrupção da era Fujimori, assegurou Godoy, ?a mídia e a sociedade não perdoam absolutamente nada?.
Humala entregará um país estável em termos políticos e econômicos, uma herança bastante leve para seu sucessor ou sucessora. Mas, fora do poder, ainda deverá dar explicações sobre a descoberta de uma agenda da atual primeira-dama, na qual aparecem números que supostamente se referiam à milionária doação do governo chavista a sua campanha presidencial.